Mulher com vertigem intensa - A Doença de Ménière pode matar?

A Doença de Ménière não é fatal, mas suas crises são relativamente imprevisíveis e intensas, por isso podem levar a acidentes graves e quedas. O tratamento não somente atenua os sintomas, como também ajuda o paciente a gerenciar melhor as crises, diminuindo sua frequência e melhorando a qualidade de vida.

Por ser relativamente rara na população, a Doença de Ménière ‒ quadro em que há um aumento na pressão dentro do labirinto com potencial para causar crises de vertigem intensa, perda auditiva e zumbido ‒ não é uma condição tão conhecida. Seus sintomas, no entanto, podem ser bem perturbadores e perigosos, dependendo do momento em que as crises acontecem.

Por isso, a prevenção das crises costuma ser o foco do tratamento, o que pode ser feito por meio de intervenções que vão desde mudanças nos hábitos cotidianos ao uso de medicamentos específicos para controlar a pressão no labirinto.

Se você tem a Doença de Ménière ou está preocupado com algum conhecido, amigo ou parente que apresenta essa condição, saiba que não há motivo para esse tipo de preocupação. Neste artigo, esclareço a questão do título e outras dúvidas comuns, e também explico quando essa doença pode ser realmente perigosa. Vamos lá?

Conteúdo:

A Doença de Ménière pode matar?

A Doença de Ménière em si não é considerada fatal. Ela é uma condição crônica da orelha interna que pode ser debilitante devido aos seus efeitos na audição e no equilíbrio, mas não é capaz de levar o indivíduo à morte.

Recomendado para você:  Perda auditiva precoce: como identificar, medidas preventivas e o que fazer

As crises de vertigem e perda auditiva associadas à Doença de Ménière, porém, podem representar um risco para a segurança pessoal quando acontecem em situações específicas, especialmente por serem relativamente imprevisíveis. 

Se ocorrerem, por exemplo, quando a pessoa está dirigindo, operando máquinas pesadas ou em ambientes perigosos, essas situações podem provocar acidentes graves e até mesmo fatais ‒ assim como as quedas causadas pela vertigem intensa, que podem resultar em lesões físicas.

Como se “pega” Ménière?

A Doença de Ménière não é uma condição infecciosa e, por isso, não é contagiosa. Ou seja, não pode ser “pêga” de outra pessoa

Ela é considerada uma condição multifatorial, o que significa que sua origem não é completamente compreendida, mas envolve uma combinação de fatores genéticos, estruturais e ambientais.

Os principais fatores associados à Doença de Ménière incluem predisposição genética, problemas estruturais no labirinto, fatores ambientais (como tabagismo, consumo excessivo de álcool e a exposição a certos agentes ambientais), traumas físicos, doenças autoimunes e algumas condições de saúde, como otosclerose, hipertensão arterial, diabetes e herpes.

O que piora a Doença de Ménière?

A Doença de Ménière é uma condição da orelha interna que pode ser exacerbada por diversos fatores, e um dos principais é o estresse emocional ‒ que não apenas pode desencadear crises de vertigem, mas também intensificar outros sintomas, como zumbido e sensação de ouvido tapado. 

Ao lado do estresse ‒ e mesmo como parte dele ‒, a fadiga crônica e a falta de sono adequado também são conhecidas por aumentar a frequência e a gravidade das crises. 

Outro fator significativo é a hipertensão arterial descontrolada, que pode afetar a circulação sanguínea e a pressão dos fluidos dentro do labirinto, contribuindo para os sintomas da Doença de Ménière. 

Recomendado para você:  Manobra de Epley: cuidados após o procedimento, orientações e o que fazer caso a tontura persista

A alimentação também desempenha um papel importante: uma dieta rica em sal pode levar à retenção de líquidos (que aumenta a pressão arterial). Paralelamente, o tabagismo e o consumo excessivo de cafeína e álcool também são considerados fatores associados. 

Além disso, nas mulheres, as mudanças hormonais durante o ciclo menstrual podem contribuir para as crises. 

Quais são as complicações da Doença de Ménière?

A Doença de Ménière pode levar a diversas complicações, sendo a perda auditiva a mais significativa delas. 

Durante as crises, os pacientes experimentam uma perda auditiva temporária no ouvido afetado, que pode tornar-se permanente, principalmente nas frequências graves.

Em geral, a perda auditiva na Doença de Ménière tende a ser progressiva, ou seja, o paciente sofrerá uma deterioração gradual da sua capacidade auditiva.

Outro fator que afeta a qualidade de vida é o zumbido, que também pode ser tanto um sintoma recorrente nas crises, como uma sequela, geralmente associada à perda auditiva.

Como descobrir se tenho Ménière? Quais exames devo fazer?

Para obter o diagnóstico da Doença de Ménière, é fundamental buscar avaliação médica especializada, no caso, consultar um otorrinolaringologista ou um otoneurologista — que é o otorrino especializado em distúrbios do equilíbrio e da audição.

Ou seja, caso você apresente episódios agudos de vertigem intensa, acompanhados de zumbido, sensação de ouvido tapado ou pressão no ouvido, é importante procurar um especialista.

O diagnóstico da Doença de Ménière considera principalmente os sintomas e os relatos do paciente, mas também pode envolver exames para confirmar o diagnóstico e descartar outras condições

Na audiometria, em que a capacidade auditiva é analisada, pacientes com Ménière costumam apresentar perdas especialmente nas baixas frequências.

Recomendado para você:  Médico para labirintite: quando e qual especialista procurar?

Testes de equilíbrio, procedimentos específicos para avaliação do labirinto e ressonância magnética também podem ser úteis para descartar outras possíveis causas dos sintomas.

Como tratar a Doença de Ménière?

O tratamento da Doença de Ménière visa controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente, e pode lançar mão principalmente de medicamentos para reduzir a pressão da endolinfa ‒ o fluido no ouvido interno cujo aumento está associado à doença.

Além do tratamento medicamentoso, ajustes na dieta são frequentemente recomendados e incluem interromper o tabagismo e moderar o consumo de sal, de cafeína e de álcool.

Considerando o estresse como gatilho frequente das crises, o paciente com Doença de Ménière se beneficia ao adotar hábitos saudáveis na rotina diária, como manter um padrão regular de sono e praticar atividades físicas regularmente.

A Doença de Ménière é uma condição que pode afetar significativamente a qualidade de vida, mas é um quadro tratável que, quando bem controlado, permite que o paciente mantenha uma vida normal.

Quer saber mais sobre o assunto? Então confira o nosso artigo completo sobre a Doença de Ménière!

 


Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
Você confere orientações e dicas sobre esse e outros assuntos aqui no blog e também no Facebook, no Instagram e no YouTube.
A Dra Nathália está disponível para teleconsultas e consultas presenciais em São Paulo. Agende uma consulta pelo Doctoralia ou pelo WhatsApp!