mulher com tontura e aperto no peito - fatos e mitos sobre tontura

Tontura e labirintite são a mesma coisa? A tontura pode ser emocional? A tontura em idosos é normal? A tontura pode ser sinal de doenças sérias? A tontura é passageira? Quem tem tontura pode dirigir? Confira as respostas para essas e outras perguntas comuns e saiba o que é mito e o que é verdade sobre tontura.

Infelizmente, há muita informação incorreta sobre tontura por aí, muitas delas bastante populares. Como é um sintoma muito comum – e que nem sempre indica doenças graves – é natural que especulações e mitos sejam criados.

A tontura é um sintoma associado a um grande leque de quadros de saúde, desde alterações metabólicas pontuais a emergências médicas.

Neste artigo, reuni algumas dúvidas e afirmações comuns sobre tontura na internet e explico o que é mito, o que é realidade e o que não é tão simples quanto parece. Vamos lá?

1. Tontura é sempre labirintite

Mito. Popularmente, as palavras “tontura” e “labirintite” são usadas de maneira intercambiável, mas são coisas diferentes: a tontura é um sintoma, a Labirintite é uma doença.

De fato, a tontura é um sintoma comum da Labirintite, mas também pode ser desencadeado ou agravado por uma variedade de outras causas.

A labirintite refere-se especificamente à inflamação do labirinto, que é uma estrutura complexa do ouvido interno responsável pelo equilíbrio e pela audição.

Vale destacar também que a tontura é um sintoma frequentemente decorrente de alterações no sistema vestibular — relacionado ao equilíbrio, cujo labirinto é um dos seus componentes principais —, mas pode estar ligada a uma série de outras causas, como problemas neurológicos, metabólicos, hormonais, bem como o uso de determinados medicamentos e substâncias. 

2. Tontura pode ser emocional

Depende. É verdade que transtornos do humor, como ansiedade, depressão e estresse, podem estar correlacionados com a sensação de tontura. Geralmente, os fatores emocionais podem desencadear ou agravar episódios, criando um ciclo complexo de sintomas. 

Contudo, a própria tontura pode contribuir para o desenvolvimento ou a exacerbação desses problemas emocionais, gerando ansiedade sobre a ocorrência futura de episódios de desequilíbrio. 

Na realidade, na maioria dos casos em que o paciente atribui a sua tontura a fatores emocionais, há causas físicas subjacentes não diagnosticadas que podem estar contribuindo para o sintoma, como distúrbios vestibulares, alterações na pressão arterial e problemas cardíacos ou metabólicos.

Recomendado para você:  Entenda qual é a diferença entre neurologista e otoneurologista e saiba qual especialidade médica buscar

É necessária, portanto, uma investigação abrangente para identificar as causas desencadeadoras e os fatores associados, de modo a oferecer o tratamento mais completo possível ao paciente.

3. Tontura nem sempre é doença

Verdade. A tontura pode surgir de alterações fisiológicas temporárias, que não demandam intervenções. Quedas súbitas de glicose no sangue durante períodos prolongados de jejum, por exemplo, tontura após uma atividade física extenuante não habitual para o paciente ou após exposição a temperatura muito alta, o que pode levar  a uma desidratação. 

Nessas circunstâncias, o sintoma é temporário e desaparece assim que a causa subjacente é corrigida, sem a necessidade de intervenção médica. No entanto, é importante monitorar de perto a frequência e a gravidade dos episódios, pois quando são frequentes é provável que existam sim problemas de saúde importantes.

4. Tontura pode ser AVC

Verdade. Apesar de ser um evento menos comum em relação a outras causas, a tontura pode ser sim um sintoma de Acidente Vascular Encefálico (AVE), antes chamado de AVC (Acidente Vascular Cerebral) e, popularmente, de “derrame”. 

Entretanto, quando a tontura está associada a um AVC, ela geralmente é acompanhada por outros sinais e sintomas típicos de alterações neurológicas, como fraqueza ou dormência em um lado do corpo, dificuldade para falar, confusão mental e alterações na visão.

É fundamental estar atento a esses sinais de alerta, pois o AVE é uma emergência médica que requer intervenção imediata para minimizar os danos cerebrais e reduzir o risco de sequelas permanentes. Se você ou alguém próximo apresentar tontura repentina acompanhada desses sintomas, é necessário procurar assistência médica imediatamente.

5. A tontura em idosos é normal

Mito. Realmente, a tontura em idosos pode ser mais comum devido a uma série de fatores decorrentes do próprio envelhecimento, como alterações na função vestibular, diminuição da visão, alterações articulares e uso de medicações que podem ter como efeito colateral a tontura. Entretanto, não é correto considerá-la algo inevitável, muito menos intratável, tomando como justificativa a idade.

Recomendado para você:  Tontura cervicogênica: o que é, sintomas, principais causas e tratamento

Toda tontura tem uma causa ou causas subjacentes, e é essencial investigar e tratar adequadamente, principalmente em idosos, para evitar complicações decorrentes de condições não diagnosticadas, bem como acidentes, quedas e fraturas, que podem ser facilitadas quando o sintoma não é devidamente tratado.

6. Pressão alta dá tontura

Verdade. O cérebro depende de um suprimento constante de oxigênio e nutrientes transportados pelo sangue para realizar suas funções vitais. Quando a pressão sanguínea varia bruscamente, seja aumentando (hipertensão) ou diminuindo (hipotensão), o fluxo sanguíneo no cérebro também varia, provocando alterações e sintomas, como a tontura.

Na hipertensão (pressão alta), a pressão excessiva sob os vasos sanguíneos cerebrais aumenta o risco de danos e complicações, como hemorragias cerebrais e até AVE. Nessas situações, para proteger o cérebro, o organismo pode iniciar mecanismos de autorregulação para tentar normalizar a pressão, como a vasoconstrição.

Além disso, a pressão alta pode lesionar a parede dos vasos levando a uma irrigação inadequada de tecidos, o que pode acontecer no cérebro e também dentro do próprio ouvido, contribuindo para a tontura.

Na hipotensão (pressão baixa), a própria redução do fluxo sanguíneo cerebral resulta na tontura, além de confusão e desmaios, devido à falta de oxigênio e nutrientes.

7. Quem tem tontura não pode dirigir

Depende. Se o paciente tem um quadro leve e controlado e está com a habilitação regular, não há restrições. Entretanto, a depender da frequência e da intensidade das crises, é importante passar por uma avaliação médica para ser liberado para dirigir.

Em todos os casos, durante uma crise de tontura, recomendamos que o paciente evite qualquer atividade que envolva risco de acidente, o que inclui operar máquinas, acessar locais perigosos e, também, dirigir.

8. Quem tem tontura não pode comer doce

Mito. Algumas substâncias, como o açúcar e a cafeína, podem sim contribuir para alterações metabólicas capazes de desencadear ou agravar a tontura. Logo, o consumo de alimentos com esses componentes, como o chocolate e o café, deve ser moderado. Recomendamos que o paciente evite consumir esses produtos em excesso, assim como quaisquer outros alimentos que possam funcionar como gatilho para o sintoma. 

É também importante esclarecer que nem todas as pessoas experimentarão o surgimento ou o agravamento do sintoma após ingerir essas substâncias. Essa influência varia de pessoa para pessoa.

Recomendado para você:  Tratamento para zumbido no ouvido em São Paulo

9. A tontura pode ser causada por tumores? 

Verdade, mas são casos mais raros. A tontura pode ser um sintoma desencadeado pela presença de tumores e outros quadros relacionados, um exemplo é o Schwannoma Vestibular, um tumor benigno de crescimento lento localizado dentro do ouvido.

Preciso destacar, porém, que esse tipo de diagnóstico é muito menos frequente do que as doenças otorrinolaringológicas típicas, como a VPPB (Vertigem Posicional Paroxística Benigna) e a Enxaqueca Vestibular.

Há muitas dúvidas sobre qual médico consultar em caso de tontura, especialmente por parte dos pacientes que trazem histórico familiar ou outros indícios que sugerem alterações neurológicas. 

Em todos os casos, quando a tontura é o sintoma principal ou mais pronunciado, o mais recomendado é procurar um especialista neste sintoma, que poderá encaminhar o paciente a outros profissionais, caso seja necessário.

10. O médico que trata tontura é o otorrinolaringologista

Verdade. O otorrinolaringologista é o médico mais qualificado para diagnosticar e tratar uma variedade de distúrbios relacionados ao ouvido, nariz e garganta, incluindo tonturas. 

Para uma investigação mais aprofundada, porém, o médico mais indicado é o otoneurologista, que é o otorrinolaringologista especializado em disfunções e doenças causadoras de tontura e zumbido

Embora, como visto, a tontura possa ser decorrente de problemas de competência de outras áreas da saúde, como a neurologia, o primeiro médico a ser consultado deve ser o otorrinolaringologista ou otoneurologista. 

Nossa lista com os principais fatos e mitos sobre tontura fica por aqui. Quer saber mais sobre o assunto e tirar todas as suas dúvidas? Então não deixe de conferir o nosso artigo completo sobre tontura com tudo o que você precisa saber sobre esse sintoma!

 


Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
Você confere orientações e dicas sobre esse e outros assuntos aqui no blog e também no Facebook, no Instagram e no YouTube.
A Dra Nathália está disponível para teleconsultas e consultas presenciais em São Paulo. Agende uma consulta pelo Doctoralia ou pelo WhatsApp!