Tudo sobre Labirintite: definição, sintomas, causas, diagnóstico, tratamento, dúvidas comuns e como diferenciá-la de outras doenças que causam tontura

Labirintite é um termo usado popularmente para caracterizar qualquer tipo de tontura, mas se refere, de fato, à infecção ou à inflamação do labirinto, órgão responsável pela nossa audição e equilíbrio. É conhecida por gerar sintomas, como tontura e vertigem, além de alterações auditivas, como sensação de ouvido tapado e zumbido.
Doutora, ando sentindo tonturas. Acho que estou com Labirintite! — Será mesmo?
Embora seja popularmente associada a diferentes manifestações de tontura, a Labirintite, de fato, é um diagnóstico incomum no consultório.
Vários fatores, disfunções e doenças podem provocar tontura e somente a avaliação médica correta pode identificar a sua verdadeira causa.
Inclusive, se o que você busca são informações sobre tontura, já deixo aqui um artigo completo sobre o assunto: Tudo sobre tontura: tipos, causas, diagnóstico, tratamentos e quando buscar ajuda médica
Neste artigo, trago todas as informações que você precisa saber sobre a Labirintite, de fato, e explico como diferenciá-la de outras patologias. Continue a leitura para conferir!
Conteúdo:
- O que é Labirintite?
- É Labirintite ou tontura?
- Quais são as causas da Labirintite?
- O que leva uma pessoa a ter Labirintite?
- Quais são os tipos de Labirintite e qual o tratamento para cada uma delas?
- Quais são os sintomas da Labirintite?
- Como tratar a Labirintite?
- A Labirintite pode deixar sequelas?
- Existe remédio natural para Labirintite?
- Como prevenir a Labirintite?
- Como é feito o diagnóstico da Labirintite?
- Quais são as causas mais prováveis da tontura e como diferenciá-las da Labirintite?
- Quando a tontura é motivo para preocupação?
- Que médico trata Labirintite?
O que é Labirintite?
Labirintite é a infecção que acomete o labirinto, órgão do ouvido interno relacionado à nossa audição e ao nosso equilíbrio.
É um diagnóstico relativamente raro no consultório de otorrinolaringologia e considerado um quadro grave, embora a maioria dos pacientes se recupere completamente dentro de algumas semanas, podendo permanecer com alguma sequela, como a perda auditiva.
Assim como em outras doenças e alterações que acometem o labirinto, a tontura típica da Labirintite é a vertigem, a sensação de que o seu o corpo ou o ambiente ao seu redor está girando.
Entretanto, é importante frisar que o quadro geralmente traz vários outros sintomas, como sensação de ouvido tapado, zumbido, perda de audição, dor no ouvido, além de sintomas típicos de infecções, como febre, sudorese e náusea.
É Labirintite ou tontura?
Os termos “labirintite” e “tontura” são frequentemente utilizados de maneira intercambiável, o que pode contribuir para generalizações indevidas. Em rigor, a Labirintite é uma doença e a tontura, um sintoma. A tontura é apenas um dos sintomas da Labirintite, assim como está presente em várias outras doenças.
Considerando as estatísticas, inclusive, adianto que a sua “labirintite” provavelmente não é Labirintite, de fato. Existem vários outros quadros que trazem a tontura como sintoma principal, como a Vertigem Posicional Paroxística Benigna e a Vertigem Fóbica, que são muito mais frequentes, embora não sejam tão populares.
Para cada um desses diagnósticos, há recursos e estratégias de tratamento específicas. Por isso, sempre desconfie de soluções generalistas que prometem curar qualquer tipo de tontura.
Quais são as causas da Labirintite?
A Labirintite geralmente surge a partir de um quadro infeccioso no trato respiratório, principalmente em adultos.
Pode ser causada por vírus comuns, como os que provocam gripes e resfriados, por bactérias que migram para a região do ouvido, levadas pelo excesso de secreção na orelha média, por um sangramento no labirinto ou através de um quadro de meningite. A Otite Média Aguda, muito comum em crianças, pode ser também um ponto de partida para infecções no labirinto.
De maneira geral, é muito raro observar a evolução desses quadros para uma Labirintite, pois, na maioria dos pacientes, essas infecções e alterações prévias se resolvem naturalmente ou por meio do uso de antibióticos.
O que leva uma pessoa a ter Labirintite?
Como dito, a Labirintite não é um quadro muito recorrente na população quando comparada a outras doenças otorrinolaringológicas. Entretanto, ela é mais frequente em pacientes com alguma comorbidade específica, imunossuprimidos e pessoas com histórico frequente de patologias ou disfunções na região do ouvido.
Isso não quer dizer que pessoas saudáveis e sem comorbidades não apresentem essa doença, mas é muito raro ocorrer.
De maneira geral, podemos dizer que adotar hábitos saudáveis é uma forma de prevenir esse tipo de quadro.
Saiba mais:
Quais são os tipos de Labirintite e qual o tratamento para cada uma delas?
Como dito, a Labirintite pode ser provocada por vírus ou por bactérias. Vejamos um pouco sobre cada tipo.
Labirintite Viral
Assim como em outras infecções virais, o tratamento deste tipo de Labirintite é sintomático. Ou seja, na maioria dos casos, o organismo do paciente é capaz de lidar com a doença, sendo necessários apenas o acompanhamento médico e medicações para aliviar os sintomas.
Vários vírus podem provocar a Labirintite Viral, inclusive os causadores de gripes e resfriados. Muitos casos também são observados com os vírus causadores de rubéola, caxumba e sarampo.
Labirintite Bacteriana
Na Labirintite Bacteriana, o tratamento é feito por meio de antibióticos, além de medicações para aliviar os sintomas.
Vários tipos de bactérias podem provocá-la, como a streptococcus pneumoniae (causadora de pneumonia e meningite) e a haemophilus influenzae (que comumente provoca infecção de garganta e Otite Média). Em crianças, a infecção surge frequentemente após quadros de meningite e otite.
Quais são os sintomas da Labirintite?
Os sintomas da Labirintite são muito parecidos com os de outros quadros que também afetam componentes do ouvido interno. Muitas vezes, até profissionais da saúde se confundem no diagnóstico.
Os primeiros sinais da Labirintite se assemelham ao surgimento de outras infecções, com uma característica importante: ela sempre provocará alterações na percepção espacial associadas a sintomas auditivos!
Além disso, a Labirintite nunca provoca tontura em crises (de tempos em tempos), ou seja, é um quadro único, geralmente intenso e que pode deixar sequelas.
Isso significa que se a sua tontura não é acompanhada de sensação de ouvido tapado, perda de audição, zumbido e outros sintomas dessa natureza, é improvável que a sua causa seja a Labirintite.
É importante frisar, porém, que alguns pacientes, por ficarem tão incomodados com a tontura, não percebem, em um primeiro momento, alterações auditivas que poderão ser melhor evidenciadas com exames complementares.
Além dos sintomas citados, são também esperados:
- vertigem: é o sintoma mais comum da Labirintite e se diferencia da tontura por apresentar algum tipo de ilusão de movimento (o paciente sente que ele ou o ambiente ao seu redor está girando ou se movimentando);
- nistagmo: caracterizado pelo movimento involuntário dos olhos, que indica alguma assimetria no funcionamento dos labirintos;
- suor excessivo: típico de infecções em geral, pacientes com Labirintite podem apresentar sudorese intensa com sensação de suor frio;
- vômito: a tontura e a vertigem podem gerar enjoos e alterações gastrointestinais que resultam em vômitos intensos.
Como tratar a Labirintite?
A maioria dos pacientes apresenta sintomas moderados a severos com melhora após o fim da infecção, que pode durar alguns dias ou semanas.
Além de tratar os sintomas e obedecer a posologia correta dos medicamentos, quando solicitados pelo médico, é recomendável fazer repouso, manter uma alimentação saudável e consumir bastante líquido.
Apenas quadros graves necessitam de assistência hospitalar, mas esses eventos são muito raros. Em todos os casos, o correto tratamento deve ser providenciado o quanto antes para diminuir o risco de sequelas.
A Labirintite pode deixar sequelas?
Sim. Uma parcela dos pacientes pode apresentar algum nível de perda auditiva permanente ou tontura crônica em virtude de lesões causadas pela infecção.
O fato de algumas pessoas apresentarem sequelas e outras não depende de diversos fatores, como:
- gravidade da infecção;
- diagnóstico precoce;
- tempo de início e adesão ao tratamento (especialmente em casos bacterianos);
- idade do paciente;
- resposta imunológica;
- condições médicas preexistentes;
- fatores genéticos.
Você deve saber, porém, que existem recursos e tratamentos para todos os quadros de Labirintite.
Existe remédio natural para Labirintite?
Doenças, como a Labirintite, são frequentemente alvos de especulações, pois o paciente tende a associar a sua cura com medicamentos, alimentos ou líquidos utilizados enquanto estava doente. Na quase totalidade dos casos, porém, essas soluções não influenciam o quadro, ou seja, o paciente melhoraria de qualquer maneira.
Há também uma falsa noção de que substâncias naturais são sempre benéficas ou inofensivas, o que não é verdade. Todo tratamento, incluindo o uso de soluções naturais, deve ser acompanhado por um médico.
Você também deve estar ciente de que o quadro pode progredir se não tratado devidamente. Muitas pessoas utilizam soluções alternativas e acreditam estar tratando a doença, muitas vezes negligenciando cuidados médicos necessários.
Saiba mais:
Como prevenir a Labirintite?
A prevenção da Labirintite não é diferente da prevenção de outras doenças infecciosas. De maneira geral, é sempre recomendável adotar um estilo de vida saudável, ou seja, se alimentar corretamente, realizar atividades físicas regularmente e cuidar da sua saúde em todos os aspectos.
Pessoas com algum tipo de alteração ou doenças prévias, como hipertensão e diabetes, devem tratar esses quadros adequadamente, bem como pacientes que sofrem com algum tipo de transtorno de humor. O fumo e o consumo excessivo de álcool, café e alimentos ultraprocessados também devem ser evitados.
Diante de qualquer infecção ou quadro de tontura, é também importante procurar atendimento médico e providenciar o tratamento correto. Essas recomendações são para todos e trazem benefícios para a saúde de forma geral.
Como é feito o diagnóstico da Labirintite?
Como saber se estou com Labirintite?
Como os sintomas são muito semelhantes a outros quadros, realmente pode ser difícil diagnosticá-la, e, sobretudo, por isso, você não deve levantar juízos por conta própria. Diante dos sintomas, não tarde a consultar um otorrinolaringologista!
Em consultório, o médico pode realizar uma avaliação física do paciente e examinar o seu ouvido para descartar outras causas que podem estar relacionadas com os sintomas. Exames complementares, como videonistagmografia, audiometria e exames de imagem, como ressonância do ouvido, também podem ser solicitados para aumentar a precisão do diagnóstico.
Você deve saber, porém, que não existe um exame específico capaz de identificar exatamente a Labirintite, a maioria deles nos informa apenas sobre o funcionamento do labirinto e do sistema vestibular. Dessa forma, a descrição dos sintomas pelo paciente e seu histórico de saúde são as principais informações que o médico utiliza para fechar o diagnóstico.
A estratégia de tratamento definida também leva em conta a experiência do paciente com os sintomas, uma vez que alguns deles, como o zumbido no ouvido, têm caráter muito subjetivo (incomoda mais alguns do que outros). Cabe ao médico responsável, portanto, oferecer uma solução específica, personalizada para cada paciente.
Saiba mais:
Quais são as causas mais prováveis da tontura e como diferenciá-las da Labirintite?
Se a tontura não é Labirintite, então, o que pode ser, doutora?
Existe um amplo espectro de causas que devem ser investigadas, sendo a história do paciente a principal forma de diferenciá-las. Confira os principais diagnósticos de tontura que podem ser confundidos com a Labirintite.
VPPB (tontura dos cristais)
A Vertigem Posicional Paroxística Benigna, ou apenas VPPB, é um quadro muito comum que gera crises de vertigem rotatória, desencadeadas por determinados movimentos da cabeça. Ocorre quando os otólitos, os chamados “cristais” do labirinto, se desprendem e mudam de posição.
O quadro se difere da Labirintite por, geralmente, não provocar sintomas auditivos, embora possa envolver náuseas e vômitos.
Enxaqueca Vestibular
A Enxaqueca Vestibular é caracterizada por episódios de tontura associados a sintomas de enxaqueca, como dor de cabeça e maior sensibilidade ao som e à luz, que podem durar alguns minutos ou se estender por horas ou até dias. É um quadro muito comum em mulheres com histórico de enxaqueca.
Também pode desencadear alterações auditivas, como zumbido e sensação de ouvido tapado, mas diferencia-se da Labirintite por não ser um patologia dentro do ouvido, e sim uma doença neurológica com manifestações relacionadas ao equilíbrio e à audição.
Neurite Vestibular
Neurite Vestibular é o nome dado à inflamação do nervo vestibular, responsável pela condução de impulsos nervosos entre o ouvido interno e o cérebro. O quadro faz com que a interpretação dos sinais elétricos seja comprometida, gerando distorções na percepção espacial do paciente.
Assim como a VPPB, a Neurite Vestibular não costuma apresentar sintomas auditivos, mas pode provocar náuseas, vômitos e nistagmo.
Vertigem Fóbica (TPPP)
A vertigem fóbica é caracterizada por um quadro constante de hipervigilância postural instalado após um evento traumático que teve a tontura ou a vertigem como pontos principais.
Este quadro diferencia-se de outros por ter como causa central uma grande insegurança do paciente em relação ao seu equilíbrio, uma tontura constante e duradoura, cujo tratamento requer medicação, apoio psiquiátrico e psicoterápico. O seu nome atual é Tontura Postural Perceptual Persistente.
Doença de Ménière
A Doença de Ménière é um distúrbio crônico da orelha interna que gera episódios de vertigem, náusea e pressão no ouvido (geralmente um só). Outros sintomas que também devem ocorrer junto com a vertigem para que possamos considerar este diagnóstico são perda auditiva flutuante, zumbido e sensação de ouvido tapado.
Assim como a Labirintite, a Doença de Ménière é rara e seus sintomas são muito parecidos. A principal diferença é que os sintomas da Labirintite geralmente se apresentam de forma única, já pacientes com Ménière apresentam sintomas em crises recorrentes.
Quando a tontura é motivo para preocupação?
A tontura é um sintoma comum em pessoas de todas as idades, embora seja mais frequente em idosos por fatores relacionados ao envelhecimento.
Sendo assim, podemos dizer que episódios de tontura breves e isolados, sem sintomas associados, podem ser causados por pequenas quedas de pressão ou por mudanças bruscas de posição, por exemplo.
Por outro lado, quando a tontura se apresenta de forma recorrente, se mantém por longos períodos e, principalmente, quando surge associada a outros sintomas, é recomendável procurar ajuda médica.
No caso da Labirintite, merecem atenção os pacientes que apresentam ou apresentaram recentemente quadros infecciosos, como doenças respiratórias e otites.
Febre alta e crises de vertigem muito intensas, assim como alterações motoras e cognitivas (dificuldade para se locomover ou falar) requerem atendimento médico imediato.
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Que médico trata Labirintite?
A otorrinolaringologia é a ciência médica dedicada ao diagnóstico e ao tratamento de disfunções e doenças que afetam o ouvido, o nariz e a garganta. O médico para Labirintite que você procura, portanto, é o otorrinolaringologista.
Para um atendimento mais aprofundado, entretanto, a recomendação é consultar um otoneurologista, que é o otorrinolaringologista especializado em patologias causadoras de sintomas como tontura e zumbido.
Saiba mais:
Outras áreas da saúde, como a neurologia, a psiquiatria, a fisioterapia e a fonoaudiologia, podem ser envolvidas no diagnóstico e no tratamento da doença, mas o encaminhamento a outros profissionais deve ser feito após diagnóstico realizado pelo médico.
Após a leitura do texto, a maioria das pessoas deve chegar à conclusão de que a sua tontura provavelmente não é Labirintite. De qualquer forma, é fundamental consultar um médico para descobrir a verdadeira causa do sintoma e iniciar o devido tratamento o quanto antes.
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