Mulher jovem usando óculos de realidade virtual - novas tecnologias e tontura

O uso excessivo de celulares, computadores e aparelhos de realidade virtual tem sido associado a sintomas como tontura e enjoo, causados principalmente pela luz e pelo movimentos das telas. Esses sintomas, que caracterizam um fenômeno chamado de cybersickness, podem persistir após o uso dos dispositivos, assim como ajudar a identificar condições pré-existentes, como a Enxaqueca Vestibular.

Você já parou para pensar na relação entre as novas tecnologias e sintomas como a tontura? Com o aumento massivo do uso de celulares, computadores e aparelhos de realidade virtual, alterações têm sido observadas em pessoas em todo o mundo, contribuindo para quadros inéditos que chamam a atenção de médicos, pesquisadores e da sociedade em geral.

São numerosos os relatos de pessoas que experimentaram enjoo, tontura e dor de cabeça ao usar o celular por longos períodos, por exemplo. E as queixas se agravam quando o foco do usuário são aplicativos com elementos animados e, principalmente, recursos que promovem experiências imersivas, como óculos de realidade virtual.

Contudo, nem todas as pessoas que usam esses dispositivos desenvolvem os sintomas e, da mesma forma, nem sempre os sintomas são mesmo resultado do foco excessivo nas telas. São muitos fatores envolvidos, e é preciso analisar esse fenômeno com cautela para não nos deixarmos levar por especulações.

Neste artigo, eu gostaria de compartilhar com você algumas reflexões sobre como a tecnologia pode influenciar a nossa saúde, além de trazer formas de minimizar sintomas desconfortáveis ao utilizar esses dispositivos. Continue a leitura!

Conteúdo:

Qual a relação entre as novas tecnologias e sintomas como a tontura?

As novas tecnologias, especialmente aquelas que envolvem o uso frequente de telas — como celulares, computadores e aparelhos de realidade aumentada ou virtual — têm sido associadas a sintomas como enjoo, tontura e dor de cabeça, principalmente pela intensidade da luz emitida e pelos movimentos produzidos pelas imagens.

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A luz emitida por esses dispositivos pode afetar os olhos, causando fadiga visual e desconforto, enquanto os movimentos podem desafiar o equilíbrio e causar sensações de desorientação — efeitos processados pelo sistema vestíbulo-ocular, que é responsável pelo equilíbrio e pela coordenação dos movimentos dos olhos e da cabeça. 

Nos aparelhos de realidade virtual, por exemplo, os olhos vêem ambientes tridimensionais e movimentos virtuais de forma muito realista, mas o corpo permanece imóvel, causando desorientação, uma confusão no processamento das informações nesse sistema. 

Em algumas pessoas, isso pode desencadear sintomas semelhantes à cinetose (enjôo do movimento), como embrulho no estômago, náusea, tontura e dor de cabeça.

Além disso, o uso excessivo de telas pode interferir nos padrões de sono, causar tensão muscular e aumentar o estresse, fatores que também podem resultar nesse conjunto de  alterações que, neste contexto, vem sendo chamado de cybersickness.

Enjoo do movimento: Cinetose | Dra Nathália Prudencio

O que é cybersickness?

Cybersickness, ou enjoo virtual, é um termo utilizado para descrever um conjunto de sintomas semelhantes aos da cinetose, que ocorrem durante ou após a exposição a ambientes virtuais, como jogos de realidade virtual, simulações computadorizadas e outras experiências imersivas. 

Como expliquei, estes sintomas incluem náuseas, sonolência, desconforto estomacal, dor de cabeça e desorientação, tendo como gatilho as luzes e movimentos gerados pelos aparelhos de realidade virtual. O cybersickness pode persistir mesmo após a interrupção do uso dos dispositivos, deixando os usuários se sentindo instáveis e desorientados por algum tempo.

O termo cybersickness foi utilizado inicialmente para descrever os sintomas apresentados por militares, especialmente na aeronáutica, em treinamentos com simuladores de voo e de operações especiais. Pesquisas revelaram que, mesmo com uma “seleção” prévia de pessoas com menos sensibilidade aos movimentos e à luz para os cargos, os militares ainda apresentavam sintomas semelhantes à cinetose.

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Com a popularização dos aparelhos de realidade aumentada e virtual, bem como dos celulares, tablets e computadores, o cybersickness passou a ser observado também em pessoas comuns, sem treinamento para lidar com os sintomas e, portanto, mais vulneráveis aos seus efeitos.

Além do cybersickness, a exposição prolongada a essas telas pode causar fadiga ocular, dores de cabeça, irritação nos olhos e dificuldade de concentração. No entanto, é importante reconhecer que nem sempre os incômodos ao usar telas são resultado de cybersickness, podendo também indicar problemas de saúde subjacentes não diagnosticados. 

Por exemplo, sentir tontura ao usar o celular ou arrastar a tela pode estar associado a condições como a Enxaqueca Vestibular, vertigem visual ou outras formas de disfunção do sistema vestibular, existentes independentemente do uso das telas.

Como prevenir a tontura e outros sintomas ao usar a tecnologia no dia a dia? 

O primeiro passo para prevenir a tontura e outros sintomas ao utilizar a tecnologia no dia a dia é observar quanto tempo você passa em frente às telas e, caso constatado excesso, procurar diminuir o uso, buscando outras atividades que possam também trazer prazer e distração.

Estabelecer limites diários para o tempo de tela ajuda a evitar o uso excessivo e a sobrecarga sensorial. Você também pode explorar os recursos de acessibilidade dos aparelhos, como o controle de brilho e filtros de luz azul. Todas essas atitudes ajudam a reduzir a fadiga ocular e a minimizar os impactos negativos da exposição à luz artificial.

Outra medida importante é fazer pausas regulares, especialmente as pessoas que trabalham em frente às telas e nem sempre podem diminuir seu uso drasticamente, para descansar os olhos, alongar o corpo e relaxar a mente.

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Manter uma postura adequada ao utilizar dispositivos também é importante para prevenir dores no pescoço, nas costas, nos ombros e dores de cabeça. A postura ergonômica ajuda a distribuir o peso do corpo de forma equilibrada e reduz a tensão muscular, minimizando os efeitos das telas no organismo.

Será mesmo a tecnologia a causa da tontura?

É preciso ressaltar que o cybersickness é pouco frequente na população geral, sendo observado com mais frequência em usuários de dispositivos de realidade aumentada e virtual. 

Logo, devemos sempre considerar a possibilidade de a tontura ser resultado de outras causas e fatores preexistentes, que podem estar sendo agravados pelo uso das telas. Como dito, um ótimo exemplo disso é a Enxaqueca Vestibular.

A Enxaqueca Vestibular é uma condição neurológica caracterizada pela combinação de sintomas de enxaqueca com distúrbios vestibulares, especialmente a vertigem. As crises também podem trazer desequilíbrio, náusea e, às vezes, a própria dor de cabeça típica de enxaqueca: latejante, de um lado só da cabeça, gerando sensibilidade ao movimento, à luz e ao som, bem como visão turva. 

O diagnóstico é clínico, baseado na história dos sintomas e na exclusão de outras causas de vertigem. O tratamento pode incluir medicamentos para alívio dos sintomas agudos, além de mudanças no estilo de vida.

Quer saber mais? Aproveite que chegou até aqui e confira o artigo completo sobre Enxaqueca Vestibular!

 


Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
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