Ototoxicidade: o que é e como prevenir problemas de audição e de equilíbrio causados por substâncias ototóxicas?

Os ototóxicos são compostos químicos, frequentemente presentes em medicamentos e insumos industriais, capazes de causar danos em estruturas e funções do ouvido interno. Além do tipo de substância, vários fatores podem influenciar a ototoxicidade, como a duração, a intensidade e a frequência da exposição, bem como fatores individuais.
Neste artigo, quero esclarecer esse termo que é um tanto intrigante: ototoxicidade.
Falamos muito aqui no blog e em outros canais sobre doenças e alterações no organismo capazes de afetar a nossa audição e o nosso equilíbrio. Mas você sabia que a exposição a determinadas substâncias também pode causar esse tipo de problema de saúde?
Trabalhadores da indústria e da agricultura, por exemplo, estão mais sujeitos ao contato com substâncias nocivas. Entretanto, muitos fármacos utilizados em diversos tratamentos também podem apresentar algum nível de ototoxicidade.
Nos tópicos a seguir explico tudo sobre o assunto e trago algumas recomendações importantes. É só continuar a leitura para conferir!
Conteúdo:
- O que é ototoxicidade?
- Quais são os tipos de ototóxicos?
- Que medicamentos são ototóxicos?
- Quais são os desafios e complicações envolvidas na identificação de lesões por ototóxicos?
- Que setores da indústria estão mais sujeitos à presença de ototóxicos?
- Como tratar problemas de saúde desencadeados por ototóxicos?
O que é ototoxicidade?
A ototoxicidade é a capacidade de determinadas substâncias químicas, medicamentos ou agentes ambientais causarem danos ao ouvido interno, resultando em problemas relacionados ao equilíbrio e à audição (como perda auditiva e zumbido).
Vários fatores podem influenciar o desencadear ou a gravidade da lesão, como a duração, a intensidade e a frequência da exposição, bem como fatores individuais, como idade do indivíduo e tipo de contato com a substância (que pode ser inalada, ingerida ou absorvida pela pele).
Os ototóxicos podem gerar alterações temporárias ou permanentes e afetar diferentes estruturas e sistemas do organismo. Entretanto, nem todas as pessoas expostas a essas substâncias desenvolverão problemas de saúde.
Quais são os tipos de ototóxicos?
Os ototóxicos podem ser classificados de acordo com o tipo de dano causado no sistema auditivo ou vestibular. Veja!
Cocleotóxicos
Embora o termo “cocleotóxico” seja frequentemente usado de forma intercambiável com “ototóxico”, ele se refere à capacidade de substâncias ou agentes causarem danos à cóclea, uma parte do ouvido interno responsável pela função auditiva.
Vestibulotóxicos
Agentes vestibulotóxicos são aqueles que causam danos ao sistema vestibular, que é responsável, principalmente, pelo equilíbrio e pela orientação espacial. A exposição a essas substâncias pode gerar distúrbios do equilíbrio, bem como sintomas relacionados, como tontura e vertigem.
Que medicamentos são ototóxicos?
Diversas substâncias presentes em medicamentos têm potencial de causar danos às estruturas do ouvido interno. A seguir, você confere os fármacos que mais merecem atenção.
Antibióticos aminoglicosídeos
Estes incluem medicamentos como gentamicina, amicacina, neomicina e estreptomicina. Eles são usados para tratar infecções bacterianas graves, mas podem causar danos às células ciliadas do ouvido interno.
Medicamentos diuréticos
Alguns diuréticos, como a furosemida, podem ser ototóxicos quando administrados em doses elevadas ou de forma prolongada.
Quimioterápicos
Alguns agentes quimioterápicos usados no tratamento do câncer, como o cisplatino e o carboplatino, podem ser ototóxicos.
Medicamentos antimaláricos
A cloroquina e a hidroxicloroquina, usadas no tratamento da malária, foram associadas à ototoxicidade em alguns casos.
Medicamentos antifúngicos
A anfotericina B, usada no tratamento de infecções fúngicas graves, pode ser ototóxica.
Medicamentos antirretrovirais
Alguns medicamentos usados no tratamento do HIV, como a estavudina, têm sido associados à ototoxicidade em alguns casos.
Salicilatos
Os salicilatos, como a aspirina, quando usados em doses muito altas, também podem afetar a audição.
Entenda, porém, que o uso dessas medicações não gerará efeitos ototóxicos obrigatoriamente. Como dito, a dosagem, a frequência, o tempo de uso e fatores individuais influenciam os riscos associados.
Você não deve, de forma alguma, suspender qualquer tratamento sem a orientação do seu médico, ok?
Além dos fármacos, produtos químicos da indústria e da agricultura também podem ser potencialmente ototóxicos, e a exposição constante de trabalhadores a essas substâncias é uma questão muito séria.
Quais são os desafios e complicações envolvidas na identificação de lesões por ototóxicos?
Um ponto muito importante que interessa, principalmente, profissionais expostos a substâncias ototóxicas é que a lesão desencadeada por substâncias pode não deixar rastros da sua causa de origem.
A perda auditiva, por exemplo, pode ser identificada por testes audiométricos, mas eles não esclarecem se a causa dessa perda se deve a exposição a sons de alta intensidade ou a produtos ototóxicos. É necessária uma investigação ampla para descartar possíveis doenças, bem como identificar fatores na história do paciente que possam ter alguma influência em seu quadro.
Também vale destacar que a exposição combinada de ruídos de alta intensidade e de ototóxicos pode gerar danos superiores ao da soma dos danos esperados com a exposição individual dos dois fatores.
Que setores da indústria estão mais sujeitos à presença de ototóxicos?
Profissionais que atuam na mineração, na agricultura e na construção civil estão mais sujeitos ao contato frequente com substâncias ototóxicas, bem como diversos setores da indústria, como:
- metalurgia;
- maquinaria;
- têxtil;
- papel;
- pintura;
- móveis;
- equipamentos de transporte;
- equipamentos elétricos;
- impressão;
- energia solar.
Profissionais que realizam serviços públicos, como bombeiros, também correm riscos maiores de exposição e, portanto, devem estar atentos às medidas de segurança adotadas pelas organizações e pelas entidades competentes.
Como tratar problemas de saúde desencadeados por ototóxicos?
O tratamento de problemas de saúde causados por ototóxicos depende do tipo e da gravidade dos danos auditivos ou vestibulares resultantes da exposição a essas substâncias.
Quando há suspeita de ototoxicidade, a primeira medida adotada é a interrupção da exposição ao seu possível agente causador. O médico, portanto, pode recomendar o afastamento do profissional de suas atividades ou suspender a medicação do paciente, por exemplo.
Entenda, porém, que cada caso é único, e o acompanhamento de um profissional de saúde especializado é essencial para determinar a melhor abordagem de tratamento.
A melhor medida para evitar danos por ototoxicidade é a prevenção. O uso de medicamentos deve ser sempre orientado e acompanhado por um médico. E profissionais que têm maiores chances de exposição devem respeitar rigidamente as normas de segurança previstas, que incluem o controle de atividades e uso de equipamentos de proteção. Em caso de perda auditiva, zumbido, tontura, desequilíbrio e outros sintomas relacionados, não deixe de procurar um otorrinolaringologista!
Este artigo fica por aqui. Eu sou Nathália Prudencio, médica otoneurologista, e se você deseja saber mais sobre mim e sobre o meu trabalho, acesse meu perfil no Instagram e meu canal do YouTube!