Os 4 tipos de tontura, suas características e suas causas principais
Os principais tipos de tontura observados em consultório são a tontura de origem periférica, a tontura neurológica (ou de origem central), a tontura hemodinâmica e a tontura de ordem emocional. O quadro do paciente pode incluir um ou mais tipos de tontura, e cada um deles apresenta um conjunto de causas associadas.
Você consegue descrever a sua tontura com facilidade para outras pessoas, incluindo seu médico?
Pois é. A tontura é um sintoma bastante subjetivo e é perfeitamente normal sentir dificuldade ao descrevê-la.
O problema é que o relato do paciente no consultório é fundamental, pois não há nenhum exame específico que nos permita descobrir, com precisão, a causa da tontura. Em muitos casos, inclusive, os exames nem são necessários.
Dessa forma, para ajudar o paciente a descrever a sua experiência e para nós, médicos, conseguirmos orientar o diagnóstico de uma forma mais segura, classificamos a tontura em 4 tipos, levando em consideração a possível área do corpo ou sistema que apresenta alterações.
Continue a leitura para saber qual tipo de tontura se encaixa na sua!
Conteúdo:
- Quais são os 4 tipos de tontura e suas principais causas?
- Como é feito o diagnóstico da tontura?
- Qual é a hora de buscar um otorrinolaringologista?
Quais são os 4 tipos de tontura e suas principais causas?
A maioria dos pacientes apresenta quadros ligados a um único tipo de tontura, mas é relativamente frequente observarmos pessoas que apresentam diferentes problemas associados. Confira, a seguir, os 4 tipos de tontura!
1. Tontura do labirinto ou de origem periférica
As tonturas provocadas por alterações no labirinto, órgão do ouvido interno relacionado à audição e ao equilíbrio, são as mais conhecidas. Se não você mesmo, quantas pessoas já ouviu se queixar de “labirintite”?
Embora o termo seja muito conhecido popularmente, a Labirintite, de fato, é a infecção do labirinto, um quadro bastante raro no consultório. Causas muito mais frequentes para tonturas associadas ao labirinto e outros componentes do sistema vestibular periférico são:
Um sintoma esperado em todos esses quadros é a vertigem, aquela tontura de ver tudo balançar ou girar, que pode também provocar enjoo e vômitos. Essa é uma das principais pistas que temos no diagnóstico de uma alteração vestibular.
2. Tontura neurológica ou de origem central
Aqui, falamos das tonturas ligadas à alterações no sistema nervoso central (cérebro). Este tipo de tontura é caracterizada por desequilíbrios e instabilidades que geralmente pioram ao se movimentar.
Entre as possíveis causas, temos:
- traumas na cabeça;
- doença vascular;
- tumores;
- AVC (Acidente Vascular Cerebral);
- Esclerose Múltipla.
Como falamos de causas de fundo neurológico, também são esperados sintomas típicos de quadros desse tipo, como alterações na visão e na fala, bem como dificuldade de movimentar membros ou segurar objetos.
3. Tontura hemodinâmica
A tontura hemodinâmica está ligada a alterações vasculares ou cardíacas que comprometem a irrigação sanguínea do cérebro. Geralmente é acompanhada de fraqueza, escurecimento da visão e sensação de desmaio iminente.
Quando ocorre de forma breve, após realizar movimentos bruscos ou atividades físicas vigorosas, geralmente se deve a uma queda de pressão (Tontura Ortostática). Também pode se apresentar como efeito colateral de medicamentos ou desidratação.
Episódios frequentes ou que envolvem desmaios, porém, merecem investigação, pois podem indicar problemas de saúde importantes, como:
- arritmias;
- insuficiência cardíaca;
- disautonomias ligadas a doenças como o diabetes.
4. Tontura de ordem emocional (ou psicológica)
Por fim, temos a tontura associada a fatores emocionais ou psicológicos, tendo em vista que alterações neuroquímicas observadas em pacientes com algum tipo de transtorno de humor podem gerar sensações de tontura associadas à ansiedade, por exemplo.
É importante observar se os episódios surgem em momentos de maior sensibilidade ou estresse, e se surgem associados a tremores, palpitações, aperto no peito, nó na garganta e sudorese excessiva, sintomas que podem sinalizar crises de pânico.
Vale analisar também se há algum gatilho aparente para as crises, como um determinado tipo de ambiente ou situação social.
É preciso ter cautela, porém, ao correlacionarmos a tontura às emoções. Na maior parte dos casos, alterações psicológicas ou psiquiátricas funcionam como gatilhos ou surgem em consequência da experiência do paciente ao sofrer com os sintomas e limitações impostas pela tontura. Isso significa que mesmo diante de fatores de ordem emocional claros, é importante investigar outras possíveis causas da tontura.
Como é feito o diagnóstico da tontura?
Você deve saber que, para o diagnóstico da tontura, a história contada pelo paciente no consultório é o mais importante.
Muitas pessoas me perguntam qual exame deve ser feito para descobrir a causa do sintoma. Isso quando não chegam com uma pilha de exames aparentemente normais, se queixando de não conseguirem descobrir a origem da sua tontura.
Para confirmar algumas patologias, exames podem ser sim solicitados, mas, antes de tudo, eu preciso entender a experiência do paciente com o sintoma.

Como você pôde perceber, a tontura se manifesta de diversas formas e suas características nos dão pistas muito importantes para orientar o diagnóstico.
Nem sempre serão necessários exames complementares, mas a orientação e o acompanhamento médico são fundamentais.
Qual é a hora de buscar um otorrinolaringologista?
Tonturas leves e esporádicas são relativamente comuns em pessoas de todas as idades, e podem estar ligadas a causas simples que não requerem tratamento, como desidratação, jejum, excesso de esforço físico ou queda de pressão.
Entretanto, crises recorrentes ou muito intensas merecem atenção, principalmente quando associadas a outros sintomas, como:
- febre;
- perda auditiva;
- dificuldade de locomoção;
- desmaio;
- alterações motoras;
- dores de cabeça e pescoço.
Episódios agudos requerem atendimento médico imediato, especialmente quando trazem também sintomas neurológicos associados, como alterações da visão, da fala e da deglutição (reflexo de engolir).
Independentemente do tipo de tontura que você vivencia, o médico a ser consultado é o otorrinolaringologista. Entretanto, você pode desejar realizar uma investigação mais aprofundada com um otoneurologista, que é o otorrino especialista em tontura e zumbido.
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