Mulher com dor abdominal - tontura e menstruação

A tontura nas mulheres pode ser causada por alterações hormonais no ciclo menstrual, na gestação e na menopausa. Flutuações hormonais afetam o equilíbrio e podem resultar em sensações de vertigem, instabilidade e desequilíbrio. Embora comum, a tontura persistente ou acompanhada de outros sintomas requer atenção médica para descartar doenças vestibulares.

Seja no ciclo menstrual, na gestação ou na menopausa, a tontura pode se manifestar de maneiras diferentes nas mulheres, como um sinal de que o corpo está respondendo a mudanças fisiológicas significativas.

A persistência da tontura ou o aparecimento de outros sintomas, no entanto, devem motivar a busca por atendimento médico, pois podem ser sinais de doenças específicas do aparelho vestibular, sistema responsável pelo equilíbrio, que causam tontura. 

Neste texto, exploro como as alterações hormonais ao longo dessas fases podem causar tontura, afetando o bem-estar da mulher, trazendo à tona a importância de compreender melhor esse sintoma.

Conteúdo:

A dinâmica hormonal das mulheres

A dinâmica hormonal feminina é cíclica, seja nos ciclos menstruais ou na vida reprodutiva como um todo, um processo que começa na puberdade e acaba na menopausa. Todos esses ciclos são marcados por flutuações hormonais que trazem efeitos diversos.

Durante a fase menstrual, os níveis de estrogênio e progesterona são baixos, levando à menstruação. Na fase folicular, o estrogênio aumenta, preparando o útero para uma possível gravidez. Após a ovulação, na fase lútea, a progesterona mantém o revestimento uterino, e, se não houver fecundação, o ciclo se reinicia.

As variações hormonais na fase lútea podem causar a tensão pré-menstrual (TPM), com alterações de humor, cansaço, retenção de líquidos e dores de cabeça. A queda nos níveis de estrogênio e progesterona também pode resultar em desejos alimentares específicos e instabilidade emocional.

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Durante a gestação, os níveis de estrogênio e progesterona aumentam, sustentando a gravidez, mas causando efeitos como tontura, queda de pressão arterial e alterações no olfato e paladar. Essas mudanças hormonais também afetam o equilíbrio emocional, com maior sensibilidade e variações de humor.

Na menopausa, a diminuição dos hormônios sexuais provoca o fim dos ciclos menstruais e sintomas específicos como ondas de calor, suores noturnos, insônia e também alterações de humor. Além disso, a falta de estrogênio afeta a saúde cardiovascular e óssea, aumentando o risco de osteoporose e também de perda auditiva e zumbido.

O que é tontura?

A tontura é uma sensação desconfortável de distorção na orientação espacial, seja em relação ao seu corpo, seja em relação ao ambiente ao redor. Ela pode se manifestar de diferentes formas, como vertigem (sensação de rotação ou movimento do ambiente), sensação de cabeça “zonza”, instabilidade ou perda de equilíbrio. 

A tontura pode ter várias causas, como problemas no ouvido interno, alterações na pressão arterial, desidratação, infecções, ou até doenças neurológicas e alterações hormonais.

Em muitos casos, a tontura é temporária, mas, quando persistente ou recorrente, é importante buscar avaliação médica para identificar a causa subjacente.

Tontura no período menstrual e na TPM

A tontura durante o período menstrual e na tensão pré-menstrual (TPM) é uma queixa comum e pode estar relacionada às flutuações hormonais que ocorrem ao longo do ciclo menstrual.

Durante a menstruação, os níveis de estrogênio e progesterona diminuem drasticamente e essa variação hormonal pode afetar o sistema vestibular, além de influenciar a pressão arterial devido ao acúmulo de líquidos, entre outros fatores.

Como resultado, muitas mulheres experimentam tontura, que pode variar de uma sensação leve de desequilíbrio a episódios mais intensos de instabilidade. 

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Tontura na gestação

A tontura na gestação é uma queixa ainda mais frequente e pode ocorrer por uma série de razões fisiológicas relacionadas às mudanças observadas no corpo da mulher durante esse período — além das flutuações hormonais, o ganho de peso, as modificações no sistema circulatório e os ajustes do organismo para sustentar a gestação podem contribuir para a sensação de desequilíbrio ou vertigem.

Em muitos momentos da gravidez, a gestante pode apresentar uma diminuição da pressão arterial, chamada de hipotensão, e também o oposto, ou seja, o aumento da pressão, principalmente em mulheres com histórico de hipertensão. Em ambos os quadros, a tontura pode se manifestar como um sintoma.

Além disso, o aumento do débito cardíaco necessário para sustentar a gestação podem contribuir para episódios de tontura, assim como a diminuição do nível de açúcar no sangue (hipoglicemia), a desidratação e mudanças de posição bruscas, como ao se levantar rapidamente. 

Embora a tontura na gestação seja, na maioria das vezes, inofensiva e uma consequência natural das mudanças hormonais e fisiológicas, é importante que a gestante se mantenha atenta aos sinais do corpo. 

Caso a tontura seja acompanhada de outros sintomas, como visão turva, dores de cabeça intensas, desmaios ou inchaço súbito, é essencial procurar orientação médica, pois esses sinais podem indicar condições mais graves, como pré-eclâmpsia.

Tontura na menopausa

A tontura na menopausa pode ser uma queixa  entre as mulheres que estão passando por essa fase, que predomina a transição hormonal marcada pela diminuição dos níveis de estrogênio e progesterona. 

Durante a menopausa, a diminuição do estrogênio e a perda de massa óssea pode propiciar a VPPB (Vertigem Posicional Paroxística Benigna), tornando as mulheres mais suscetíveis a alterações no equilíbrio.

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Outro fator importante é que as mulheres na menopausa costumam sofrer com ondas de calor e alterações na pressão arterial. Essas variações de pressão, tanto em episódios de hipertensão quanto de hipotensão, podem desencadear tontura, especialmente se forem repentinas.

O estresse emocional, comum nesse período, também pode ser um fator agravante, uma vez que tem capacidade de influenciar diretamente o funcionamento do sistema nervoso autônomo.

Embora na maioria dos quadros seja considerado um evento esperado, quadros frequentes, constantes ou intensos de tontura precisam ser investigados. Não deixe de consultar um médico!

 


Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
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