Tudo sobre Tontura Postural Perceptual Persistente ou TPPP (Vertigem Fóbica)

A Tontura Postural Perceptual Persistente (ou TPPP) ― também conhecida como Vertigem Fóbica ou Vertigem Postural Fóbica ― é uma doença vestibular crônica caracterizada por tonturas constantes, sensação de cabeça pesada ou vazia, visão nebulosa, entre outros sintomas. O quadro se instala após um episódio repentino de perda do equilíbrio que desencadeia uma hipervigilância postural.
Hoje, quero conversar com você sobre o assunto mais perguntado no consultório e nas redes sociais pelos pacientes: a famosa Vertigem Fóbica, que se chama, na verdade, Tontura Postural Perceptual Persistente, ou apenas TPPP. Esta é a principal causa de tontura contínua ou permanente e costuma afetar muito o dia a dia de muitas pessoas.
Neste artigo, vamos falar um pouco sobre o que é a TPPP, porque ela acontece e como fazemos o seu diagnóstico. Além disso, conversaremos sobre o tratamento e quais são os relatos mais comuns que recebo em consultório de pacientes com esse quadro.
Antes, porém, preciso que você saiba que a TPPP não é uma doença nova. Na verdade, ela já recebeu diferentes nomes, como a Vertigem Postural Fóbica, que caiu em desuso. Hoje, o mais correto é chamar de Tontura Postural Perceptual Persistente (TPPP). Siga a leitura comigo!
Conteúdo:
- O que é Vertigem Fóbica (TPPP)?
- Por que a TPPP acontece?
- Como fazemos o diagnóstico da TPPP?
- Qual é o relato mais comum do paciente com TPPP?
- Como é feito o tratamento da TPPP?
- Conclusão
O que é Vertigem Fóbica (TPPP)?
A Tontura Postural Perceptual Persistente, ou apenas TPPP, é uma doença vestibular crônica, ou seja, ela afeta o sistema responsável pelo nosso equilíbrio de forma contínua.
Geralmente acomete pacientes com perfil ansioso, com história de algum transtorno de ansiedade ou que passaram a ter ansiedade após o primeiro episódio de tontura ― daí o termo “Vertigem Fóbica”, que, embora seja muito popular, não esclarece muito bem o quadro e, por isso, não é mais tão utilizado na literatura.
Como dito, a TPPP é uma das principais causas de tontura contínua e pode durar de meses a anos. É muito importante que você entenda essa definição para compreender o diagnóstico e o tratamento desse quadro, que exige cuidados multidisciplinares. Assim como outras doenças crônicas, o objetivo do tratamento é controlar a doença no paciente.
Por que a TPPP acontece?
A TPPP acontece em pacientes que viveram algum episódio repentino de perda do equilíbrio. Esse primeiro episódio de tontura pode ter diferentes causas, como doença no ouvido, queda de pressão, crise de pânico, entre outras.
Geralmente, o paciente melhora desse primeiro episódio, porém desenvolve uma tontura quase diária desencadeada por uma espécie de hipervigilância postural. E o que quer dizer isso?
Quer dizer que esse paciente passa a ficar mais atento ao seu equilíbrio, como se não fosse mais algo automático. Isso pode acontecer mesmo que de forma inconsciente. É como se o corpo tivesse entrado em um estado de alerta naquele primeiro episódio de tontura e nunca mais saído dele.
- Veja também: A TPPP pode causar desmaios? [vídeo]
Como fazemos o diagnóstico da TPPP?
Será que tem algum exame que mostre pra gente que o paciente tem TPPP ou Vertigem Fóbica?
Não, o diagnóstico é pela clínica, ou seja, pela história que o paciente conta no consultório. O paciente precisa ter um relato de tontura, instabilidade ou sensação de balanço que acontece na maior parte dos dias, há pelo menos 3 meses.
Essa tontura piora quando o paciente está de pé ou se movimentando, e também dentro de veículos. O paciente também vai relatar piora da tontura em ambientes com muito movimento, como avenidas, shoppings e supermercados, bem como em locais amplos ou com padrões visuais em paredes e tetos, como listras.
Precisamos perguntar sempre se o paciente se lembra de algum episódio repentino de tontura, desequilíbrio ou vertigem que possa ter desencadeado o processo. Vale observar que, dependendo do tempo de doença, o paciente poderá não lembrar desse episódio que funcionou como o gatilho para a TPPP.
E, por último, mas não menos importante, precisamos afastar outras doenças que podem causar sintomas semelhantes e, por isso, pedimos alguns exames para avaliar a função do ouvido, exames de sangue e exames de imagem.
Qual é o relato mais comum do paciente com TPPP?
Agora quero te contar qual é a história mais comum que ouço do paciente com TPPP no consultório.
A começar, é o paciente que está por anos com uma tontura que ele mal consegue nomear ou descrever. Ele vai contar que já foi em diferentes profissionais, como neurologistas, cardiologistas e oftalmologistas, e que todos os exames estão normais.
Geralmente, o paciente relata que tem uma tontura desde o momento que acorda e que só melhora quando ele vai se deitar. Relata ainda que tem dificuldade em fazer atividades normais do dia a dia por causa da tontura.
É comum, ainda, relatar algum problema na visão, como nebulosidade ou como se estivesse usando um óculos que não é para ele. Além disso, nota piora importante da tontura se está em locais como metrô, quando vai ao supermercado, em grandes avenidas ou em ambientes de trabalho com muita gente.
É comum que esse paciente relate um certo grau de ansiedade antes mesmo de ter a TPPP, ou que apareceu depois do primeiro episódio de tontura. Com o passar do tempo e com a busca incessante por um diagnóstico, essa ansiedade tende a piorar.
Como é feito o tratamento da TPPP?
O tratamento da TPPP consiste em 3 passos. Veja!
Medicação
No tratamento da TPPP, precisamos usar remédios da classe dos antidepressivos. Os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS) são os mais comuns, mas existem várias opções de medicação e a escolha deles dependerá das características e necessidades de cada caso.
Entenda que, embora usemos antidepressivos, não estamos tratando a depressão nesse paciente. Na verdade, esse tipo de medicação é utilizada para regular neurotransmissores, que são mensageiros regulados pelo nosso cérebro, e que podem estar desregulados nesse caso.
- Saiba mais no vídeo: TPPP: Estou tomando remédio, mas não melhoro. O que pode ser?
Reabilitação do Equilíbrio
O segundo passo é a reabilitação do equilíbrio. O paciente com TPPP está em um estado de hipervigilância postural, lembra?
A hipervigilância é um estado de atenção ou de alerta aumentado em relação ao equilíbrio que acontece de forma inconsciente, e é a reabilitação que vai ajudar o paciente a voltar a um estado normal.
Além disso, o paciente com a TPPP depende muito mais de pistas visuais no ambiente para ajustar o seu equilíbrio do que pessoas sem a TPPP. Isso se chama vertigem visual e a reabilitação também ajudará nisso.
Terapia Cognitivo Comportamental
O terceiro e último passo é a Terapia Cognitivo Comportamental, nome grande e difícil que se refere a uma linha da psicologia que identifica pensamentos e crenças que geram emoções e comportamentos negativos.
O objetivo da terapia, portanto, é ajudar o paciente a ressignificar pensamentos e emoções associados ao evento que desencadeou o quadro de TPPP e otimizar o controle da ansiedade, geralmente presente.
Conclusão
Agora você sabe o que é a TPPP ou Vertigem Fóbica, porque ela acontece e como fazemos o diagnóstico. Espero ter esclarecido esse assunto.
Com isso, caso se identifique com os sintomas, é necessário buscar um profissional capacitado nessa área. Ele poderá te orientar, acompanhar e iniciar o quanto antes o seu tratamento.
Fique tranquilo. Apesar da TPPP gerar sintomas intensos, a maior parte dos pacientes apresenta melhora após o início do tratamento e consegue voltar a exercer suas atividades diárias normalmente.
É preciso esclarecer, porém que, mesmo após a melhora completa do paciente, a TPPP pode causar tonturas breves, pois é uma doença crônica. Esses sintomas aparecem principalmente em casos de estresse, maior preocupação ou em ambientes muito movimentados. Podem aparecer ainda em aglomerações, como shows, mas, nesse caso, costumam ser tonturas rápidas que o paciente percebe, mas não chega a incomodá-lo.
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