mulher tapando os ouvidos - zumbido e convid-19 - Dra Nathalia Prudencio

Estudos sobre a COVID-19, síndrome respiratória provocada pelo coronavírus, levantaram a suspeita sobre uma possível relação entre a doença e o zumbido. Devemos considerar, porém, que essa ligação também pode ser influenciada pelos impactos emocionais vividos durante e depois da pandemia. 

A relação entre o zumbido no ouvido e a COVID-19 ‒ conhecida síndrome respiratória que assolou o mundo nos últimos anos ‒ tem sido objeto de estudo e discussão. Embora o zumbido não seja um sintoma comum da doença, vários relatos de pacientes indicam uma possível ligação.

Além disso, a pandemia e as políticas de isolamento social adotadas para conter o avanço da pandemia contribuíram para mudanças significativas no estilo de vida e no bem-estar emocional da população, que são fatores de influência no desenvolvimento do zumbido, independentemente do coronavírus.

Neste artigo, vamos falar sobre o zumbido como possível sintoma da COVID-19, além de outros fatores que podem estar envolvidos nesse fenômeno. Confira!

Conteúdo:

O que é zumbido no ouvido?

O zumbido no ouvido, também conhecido como tinnitus, é uma percepção auditiva que ocorre na ausência de qualquer estímulo sonoro externo

Imagine estar em um quarto silencioso e ainda assim ouvir um som persistente, como um zumbido suave, um chiado incômodo, um assobio constante ou até mesmo um clique intermitente. Essa é a experiência que muitas pessoas com tinnitus enfrentam.

É importante ressaltar que essa condição pode variar em intensidade e duração ‒ ou seja, para algumas pessoas, o zumbido pode ser apenas uma irritação temporária, enquanto para outras, pode se tornar um problema crônico e debilitante.

As causas do zumbido no ouvido são diversas e podem incluir:

  • exposição prolongada a ruídos altos;
  • lesões no ouvido (trauma ou infecções);
  • distúrbios da circulação sanguínea na região auditiva;
  • alterações musculares ao redor do ouvido;
  • efeitos colaterais de medicamentos;
  • transtornos do humor (como estresse e ansiedade).

O zumbido é um sintoma da COVID-19?

A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2) ‒ identificado pela primeira vez em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China ‒ responsável por causar uma das maiores pandemias da humanidade.

Recomendado para você:  Perda auditiva tem cura? Saiba mais sobre a condição e os tratamentos disponíveis

O termo “COVID-19” é uma abreviação de “Coronavirus Disease 2019”, em inglês, e trata-se de uma síndrome respiratória aguda que pode variar em gravidade, desde casos assintomáticos até casos graves que podem levar à pneumonia e à morte.

Você deve se lembrar também que a transmissão do vírus geralmente ocorre pela dispersão de gotículas respiratórias (quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou fala) e pelo contato com superfícies contaminadas.

Os sintomas mais comuns da COVID-19 ficaram conhecidos: febre, tosse, dificuldade respiratória, cansaço e perda de paladar ou olfato, além de outros sintomas atípicos, mas que também costumavam ocorrer, como o zumbido.

Nem todas as autoridades de saúde reconheceram oficialmente o zumbido como um sintoma clássico da COVID-19, mas alguns estudos e muitos relatos apontam essa manifestação em parte dos pacientes. Há também pesquisas e relatos que sugerem que a doença pode agravar o zumbido em pessoas que já sofriam com o sintoma. 

Contudo, o zumbido é um sintoma compartilhado por muitas condições e sua presença em pacientes com COVID-19 não significa, necessariamente, que o sintoma foi desencadeado pela doença.

Você se lembra das políticas de isolamento social que vivemos anos atrás? Elas foram imprescindíveis para o controle do coronavírus, mas também contribuíram para mudanças nas condições emocionais e no estilo de vida, que podem ter permanecido até hoje para muitas pessoas.

Como o zumbido é uma manifestação associada também ao estresse, ansiedade e depressão, as mudanças da pandemia também podem ter aumentado a incidência desse sintoma, bem como podem ter agravado o zumbido em quem já convivia com ele antes da pandemia.

4 fatores que podem ter influenciado o aumento do zumbido durante a pandemia de COVID-19

A seguir, você confere 4 pontos centrais que nos permitem correlacionar as políticas de isolamento social em meio à pandemia com alterações auditivas, como o zumbido.

1. Mudanças no estilo de vida

Podemos começar citando a mudança no estilo de vida durante a pandemia de COVID-19. Muitos de nós paramos de fazer exercícios de rotina por não poder frequentar academias ou mesmo locais ao ar livre. 

A alimentação piorou muito em qualidade e em quantidade, passamos a comer mais e pior. Aumentamos a ingestão de doces, industrializados, cafeína e bebida alcoólica, e, consequentemente, vimos o ganho de peso de grande parte de nossa população, o que pode afetar o nosso ouvido.

A orelha interna é muito sensível a alterações metabólicas de açúcar, colesterol e minerais. E essas alterações, certamente, contribuíram para o agravamento do zumbido.

Recomendado para você:  Zumbido no ouvido causado por antidepressivos: entenda porque isso acontece e confira orientações importantes

2. O home office durante a pandemia

O trabalho de grande parte das pessoas passou para o estilo home office durante a pandemia, sem que tivéssemos locais adequados de trabalho em nossas casas. Isso fez com que muitos passassem muitas horas por dia com postura incorreta, desencadeando contraturas e dores musculares importantes, principalmente na região cervical, que está relacionada à via auditiva. 

Devo reforçar que é rotina no consultório avaliar a musculatura, tanto da região mastigatória quanto da cervical, dos pacientes que atendo, pois alterações nessas regiões podem ser as geradoras ou moduladoras do zumbido.

3. Isolamento, estresse e ansiedade

Podemos citar também o fator emocional. Talvez o mais complexo e mais presente, principalmente em pacientes mais ansiosos e preocupados. 

O distanciamento de familiares e pessoas próximas, o medo de contrair uma doença envolta a mistérios e sem tratamento definido, a piora da qualidade do sono por não ter mais uma rotina e a incerteza de retorno às atividades normais.

Notamos, também, a preocupação financeira, a perda do trabalho, o luto, a dificuldade de acesso a um serviço de saúde, uma vez que, muitos profissionais médicos, fisioterapeutas e psicólogos deixaram de atender durante esse período.  

Precisamos entender que o zumbido está muito relacionado ao estado emocional do paciente, portanto, sempre que o paciente está mais estressado, ansioso ou emocionalmente abalado por fatores internos ou externos, o zumbido tende a piorar.

Mas, observe: fatores emocionais, isoladamente, não são capazes de gerar quadros de zumbido, embora estejam diretamente relacionados com a experiência do paciente com o sintoma.

4. Perda do acompanhamento médico de rotina

Zumbido e COVID-19: o zumbido pode ser um sintoma ou sequela da doença?
Muitos pacientes com zumbido também apresentam uma série de doenças crônicas com necessidade de acompanhamento periódico, como pressão alta, diabetes, doenças cardíacas, controle do colesterol etc.

Durante a pandemia, muitos desses pacientes deixaram de fazer o acompanhamento por não poderem ir até o seu médico ou devido ao seu profissional ter suspendido os atendimentos. 

Mesmo após o fim das políticas de isolamento, inclusive, muitas pessoas demoraram a retomar suas rotinas de tratamento por razões diversas, como questões financeiras, deslocamentos, distúrbios do humor, entre outros motivos.

Alterações na pressão, no controle de açúcar, colesterol e hormônios tireoidianos também são fatores que podem agravar o zumbido, portanto, eles devem ser bem monitorados.

Recomendado para você:  O que faz um otorrinolaringologista? Conheça o médico que trata de doenças do ouvido, nariz, garganta e pescoço!

Quais são as principais causas de zumbido no ouvido?

O zumbido no ouvido pode ser atribuído a uma variedade de condições, além dos fatores emocionais que foram tão afetados durante a pandemia de COVID-19.

A perda auditiva, por exemplo, é uma das causas mais comuns de zumbido ‒ especialmente em pessoas mais velhas ‒, mesmo quando leve e imperceptível. 

De maneira geral, o zumbido pode estar associado a alterações e doenças da orelha interna, alterações metabólicas e cardiovasculares, além de infecções e desordens funcionais, como bruxismo e disfunção temporomandibular.

O cerume impactado é também um causador de zumbido e, finalmente, alguns medicamentos, como antidepressivos e antibióticos, que podem trazer o sintoma como efeito colateral.

Como acabar com o zumbido no ouvido?

Entendo que ter zumbido no ouvido pode ser difícil e desgastante, mas é importante abordar essa questão com calma e compreensão. 

A busca por soluções rápidas pode ser tentadora, mas é fundamental compreender que, como as causas do zumbido são variadas, a escolha do tratamento adequado é um processo altamente individualizado, que depende de um diagnóstico preciso, feito por um profissional qualificado.

Assim, o primeiro passo é consultar um médico especialista ‒ otorrinolaringologista ou otoneurologista ‒ para uma avaliação completa, com a realização de exames específicos para determinar a origem do zumbido e elaborar um plano de tratamento adequado.

Em alguns casos, o zumbido pode ter remissão completa com o tratamento adequado, enquanto em outros, pode ser crônico e exigir gerenciamento a longo prazo. 

Por isso, o tratamento pode envolver uma variedade de abordagens, incluindo terapias de som, terapia cognitivo-comportamental, medicação, gestão do estresse, dispositivos de amplificação sonora, entre outros. 

Cada paciente é único, e o plano de tratamento precisa ser adaptado às necessidades individuais de cada um.

Se você se interessou e quer saber mais sobre o zumbido, não deixe de conferir nosso Guia completo sobre zumbido no ouvido!

 


Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
Você confere orientações e dicas sobre esse e outros assuntos aqui no blog e também no Facebook, no Instagram e no YouTube.
A Dra Nathália está disponível para teleconsultas e consultas presenciais em São Paulo. Agende uma consulta pelo Doctoralia ou pelo WhatsApp!