O seu ZUMBIDO piora com estresse e ansiedade? | Dra Nathália Prudencio

Muitas pessoas associam a ansiedade com o zumbido no ouvido, mas essa relação deve ser investigada por um médico. Fatores emocionais podem influenciar diretamente a experiência do paciente com zumbido, mas não são capazes, por si só, de desencadear o sintoma.

Você passou a perceber um zumbido no ouvido ou uma piora desse sintoma durante um momento de muito estresse ou ansiedade?

E quanto à você que já convive com o zumbido, sente que o sintoma contribui para o aumento da irritabilidade e do estresse?

Pois é. Quando discutimos a relação entre zumbido no ouvido e ansiedade, precisamos analisar a questão por esses dois ângulos: como a ansiedade afeta o zumbido e como o zumbido afeta a ansiedade.

Vamos conversar um pouco sobre isso?

Conteúdo:

Ansiedade pode causar zumbido no ouvido?

Doutora, zumbido no ouvido pode ser emocional?

Essa relação é muito comum e pode sim nos dar algumas pistas sobre o quadro do paciente e, principalmente, sobre como ele se relaciona com o zumbido.

Sabemos, hoje, que apenas um, em cada dez pacientes, apresenta o zumbido como um incômodo importante. Nessas pessoas, o sintoma pode ser um fator determinante para o surgimento ou agravamento de transtornos do humor, como a ansiedade e a depressão.

Por outro lado, observamos também que períodos de maior estresse ou demanda emocional podem influenciar a maneira como o paciente vivencia o sintoma. Nesses momentos, as pessoas tendem a atribuir maior atenção ao som e aos seus impactos no dia a dia.

Entretanto, não podemos afirmar que fatores emocionais, isoladamente, são capazes de desencadear o sintoma. Na maioria das vezes, o fator emocional funciona como um gatilho para o surgimento ou agravamento do zumbido no ouvido no paciente, que normalmente tem vários outros motivos para tê-lo.

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Quais são as principais causas do zumbido no ouvido?

O zumbido geralmente é causado por diferentes fatores associados. Entre eles, merece destaque a perda ou a lesão auditiva, que é detectada na maioria dos diagnósticos. Isso é válido até mesmo para pacientes com perda auditiva leve e com audiometria normal.

Além da perda auditivo, o zumbido também pode ser desencadeado por:

  • infecções;
  • transtornos do labirinto;
  • cerume impactado;
  • medicamentos;
  • alterações vasculares;
  • desordens funcionais.

Além dos desencadeadores, também precisamos levar em conta fatores capazes de agravar o quadro de zumbido do paciente, como consumo excessivo de álcool ou açúcar, alterações musculares ou vasculares na região do ouvido e, claro, as alterações emocionais, que são o foco deste artigo.

O zumbido no ouvido pode ser emocional?

Em determinados casos, o estresse e a ansiedade podem influenciar o zumbido de maneira indireta. 

Pacientes cujo zumbido está relacionado à disfunção da articulação temporomandibular (que controla o movimento de abrir e fechar a boca), por exemplo, podem experimentar uma piora do sintoma em momentos de tensão, pois esse estado pode gerar maior apertamento dentário e contraturas musculares próximas ao ouvido.

Pessoas com mordida errada, bruxismo ou que realizaram procedimentos dentários também podem apresentar zumbido no ouvido pelo mesmo motivo. 

Na maior parte dos casos, o que observamos é que os fatores emocionais influenciam diretamente a percepção do paciente sobre o zumbido e as características do zumbido em si, como o aumento da intensidade do som ou sua frequência. Em muitos casos, o sintoma já existe há muito tempo, porém só é notado em um momento de maior tensão ou ansiedade.

Além disso, devemos ter em mente que um mesmo sintoma pode ser interpretado e vivenciado de maneiras completamente diferentes. Para alguns, o ruído pode ser entendido como algo inofensivo e pouco relevante, para outros pode ser um enorme tormento, mesmo quando suas características são muito semelhantes.

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É, por isso, que quando vamos definir uma estratégia de tratamento para um paciente com zumbido, é muito mais importante entender a maneira como ele experimenta e vivencia esse sintoma e como ele impacta o seu humor, o seu sono e suas atividades diárias. A entender a experiência do paciente, portanto, nos ajuda muito mais do que saber exatamente a frequência e a intensidade do ruído, por exemplo.

Como o zumbido no ouvido afeta o estado emocional do paciente?

Quando analisamos a relação entre zumbido no ouvido e ansiedade, o que mais nos preocupa são os impactos do sintoma na saúde mental do paciente e não o oposto.

Como dito, a maioria das pessoas que apresentam o zumbido tendem a se habituar ao sintoma e não o percebem como um incômodo importante. Para a minoria que sofre com a presença do som, porém, o zumbido pode afetar significativamente a sua qualidade de vida.

Se comparamos um grupo de pessoas sem zumbido com um grupo de pessoas que têm o sintoma, observamos uma prevalência maior de transtornos de humor entre aqueles que apresentam o zumbido.

É por isso que o acompanhamento psiquiátrico e terapêutico é comumente indicado junto às demais ações de tratamento do zumbido.

Tendo essas informações em vista, algo que merece ser destacado é que a ausência de um diagnóstico e de um tratamento adequado pode contribuir para a ansiedade do paciente, aumentando sua atenção sobre o sintoma e contribuindo para um maior impacto do problema em sua vida. É fundamental, portanto, procurar um médico.

Por que é fundamental procurar um médico?

Não há dúvidas de que as emoções podem influenciar a nossa saúde e nosso bem-estar, mas é preciso ter cautela com essa correlação.

Na maioria das vezes, existem vários outros problemas por trás dos sintomas e a crença de que tudo não passa de um desequilíbrio emocional faz com que muitas pessoas negligenciem a investigação médica.

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Falando especificamente do zumbido no ouvido, é fundamental consultar um otorrinolaringologista ou um otoneurologista (otorrino especialista em zumbido e tontura) para obter um diagnóstico confiável.

Saiba que existem tratamentos para todos os tipos de zumbido e é fundamental compreender o seu quadro para que as medidas necessárias sejam tomadas e o sintoma deixe de ser uma preocupação em sua vida.

E, então, o zumbido no ouvido pode ser emocional? Podemos concluir que há sim uma relação entre zumbido e ansiedade, mas não podemos afirmar que a ansiedade, isoladamente, é capaz de desencadear este tipo de quadro. Normalmente, o paciente apresenta vários outros motivos para ter o sintoma, sendo as manifestações emocionais, fatores associados. Se você sofre com zumbido no ouvido, não deixe de buscar ajuda médica! 

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Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
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