Paralisia de Bell: entenda o que é e saiba o que fazer caso apresente os sintomas
A paralisia de Bell é uma condição caracterizada por um enfraquecimento ou paralisia súbita dos músculos de um dos lados da face e precisa ser diagnosticada e tratada rapidamente. Embora os sintomas possam permanecer por semanas ou meses, a recuperação acontece até mesmo sem tratamento, com raras exceções.
O enfraquecimento ou paralisia de um lado da face, que caracteriza a paralisia de Bell, pode ser assustadora, especialmente se você não conhece essa condição. Embora muitas vezes o paciente se recupere naturalmente, é preciso procurar atendimento médico assim que possível.
A paralisia de Bell está diretamente relacionada à inflamação do 7º nervo craniano (nervo facial), responsável por controlar os músculos do rosto, entre outras funções, incluindo estruturas que envolvem a audição.
Quando inflamado, o nervo facial perde sua sensibilidade nervosa e para de conduzir impulsos nervosos ao cérebro, fazendo com que o paciente perca o controle das funções do rosto, incluindo o enfraquecimento muscular, com consequências para os olhos, olfato, paladar e audição.
Por ser desconhecida e produzir sintomas parecidos com os do AVC (acidente vascular cerebral), a paralisia de Bell pode gerar muita ansiedade. Por isso, quero mostrar neste artigo o que é essa condição, como diferenciá-la de um AVC e qual é o prognóstico de melhora. Continue a leitura para conferir!
Conteúdo:
- Qual é a causa da paralisia de Bell?
- Qual a diferença entre o AVC e a paralisia de Bell?
- Quem tem paralisia de Bell volta ao normal?
- É possível prevenir a paralisia de Bell?
- Como recuperar os movimentos do rosto?
Qual é a causa da paralisia de Bell?
Embora a causa exata da paralisia de Bell ainda não seja totalmente compreendida, evidências atuais indicam que infecções virais, como a provocada pelo vírus do herpes simples, que é responsável por infecções orais como o herpes labial, podem estar associadas à condição.
Além disso, outros vírus, como os que causam herpes zóster (popularmente chamada de “cobreiro”), mononucleose e até mesmo os vírus responsáveis pela COVID-19, caxumba, rubéola e gripe podem desencadear a paralisia de Bell.
É importante diferenciar a paralisia de Bell de outras condições que também podem afetar o nervo facial, como a doença de Lyme, que ao contrário da paralisia de Bell, pode afetar ambos os lados da face, e a sarcoidose, que é uma causa comum de paralisia do nervo facial, mas com causas próprias. O mesmo vale para quadros em que os sintomas são desencadeados por tumores ou fraturas cranianas.
Qual a diferença entre o AVC e a paralisia de Bell?
A diferença principal entre o AVC e a paralisia de Bell está na extensão e na localização dos sintomas: a paralisia de Bell afeta um lado do rosto, enquanto o AVC pode comprometer ou paralisar a metade inferior de um dos lados do rosto e todo o restante do corpo, além de gerar alterações cognitivas.
As causas dessas condições também variam. A paralisia de Bell é causada pela inflamação do nervo facial, geralmente devido a infecções virais, enquanto o AVC é resultado de problemas no fluxo sanguíneo cerebral, como bloqueios ou rupturas de vasos sanguíneos, provocando alterações que não se restringem ao rosto.
No que se refere ao tratamento e prognóstico, a paralisia de Bell geralmente tem uma recuperação completa com o uso de corticosteróides, enquanto o AVC requer intervenção imediata e reabilitação por tempo variável para minimizar danos cerebrais e recuperar funções perdidas.
Quem tem paralisia de Bell volta ao normal?
Se você apresenta um quadro que remete à paralisia de Bell ou foi assim diagnosticado e está em tratamento, a permanência dos sintomas pode preocupar. Entretanto, na maioria dos casos, as pessoas com paralisia de Bell se recuperam completamente dentro de alguns meses.
O uso de corticosteróides nas primeiras etapas pode ajudar a reduzir o inchaço do nervo facial e acelerar a recuperação do movimento, além de prevenir a permanência dos sintomas.
Em raros casos, no entanto, o prognóstico pode variar, especialmente se a paralisia for completa — quando o paciente pode apresentar complicações, como fraqueza residual e movimentos involuntários nos músculos faciais, bem como produção de lágrimas durante a salivação (manifestação popularmente chamada de “lágrimas de crocodilo”).
É possível prevenir a paralisia de Bell?
A paralisia de Bell não pode ser completamente prevenida porque, embora possa ser associada a infecções virais, suas causas exatas ainda não são totalmente compreendidas.
A recomendação, portanto, é cuidar da saúde de maneira geral, mantendo uma dieta equilibrada, praticando exercícios físicos regularmente e dormindo bem.
Atividades complementares, como meditação, Yoga e atividades de relaxamento, também podem contribuir, tendo em vista a associação de muitos quadros com fadiga, ansiedade e estresse.
Como recuperar os movimentos do rosto?
Para recuperar o movimento do rosto após a paralisia de Bell, várias abordagens podem ser utilizadas, dependendo da gravidade dos sintomas. Algumas das principais estratégias incluem:
- corticosteróides: são frequentemente administrados nas primeiras 72 horas após o início dos sintomas, para reduzir o inchaço do nervo facial;
- antivirais: embora sua eficácia seja incerta, medicamentos antivirais podem ser prescritos se houver suspeita de herpes ou herpes zóster;
- fisioterapia: exercícios específicos podem ajudar a fortalecer os músculos faciais, acelerar a recuperação e prevenir a rigidez muscular, como levantar as sobrancelhas, fechar os olhos com força, sorrir e inflar as bochechas;
- massagens: a massagem suave dos músculos faciais pode ajudar a relaxá-los e melhorar a circulação sanguínea, auxiliando na recuperação;
- cuidados oculares: se houver dificuldade em fechar o olho, é indicado proteger a córnea da secura e de lesões, com o uso de colírios, pomadas oftálmicas e um tampão ocular, especialmente durante o sono;
- cirurgia: em casos muito raros, a recuperação não ocorre naturalmente e a cirurgia para aliviar a compressão do nervo pode ser considerada.
Tempo e paciência também são elementos determinantes na recuperação da paralisia de Bell, que geralmente ocorre dentro de semanas a meses. Para manter a calma nesse período, tenha em mente que, com raras exceções, todos os pacientes com paralisia de Bell recuperam totalmente a função facial.
Eu sou Nathália Prudencio, médica otoneurologista, e se deseja saber mais sobre mim e sobre o meu trabalho, você pode acessar o meu perfil no Instagram e o meu canal do YouTube. Para consultas, basta clicar no botão indicado!