Trabalhador usando protetor EPI - PAIR (perda auditiva induzida por ruído)

A PAIR (perda auditiva induzida por ruída) costuma estar associada a determinadas atividades profissionais, embora também possa resultar de hábitos sonoros pouco saudáveis, como uso inadequado de fones de ouvido. Ainda que a perda auditiva seja irreversível na maior parte dos casos, algumas abordagens podem contribuir para melhorar a qualidade de vida do paciente.

Nem sempre a perda da audição é abrupta. Na realidade, muitas vezes a diminuição da acuidade auditiva começa muito antes de o paciente se dar conta de que está ouvindo menos ou percebendo os sons com menos precisão.

Essa noção pode surgir quando frequentemente é necessário pedir que o interlocutor repita o que disse ou quando o paciente passa a precisar aumentar o volume da televisão, do áudio do celular ou dos aparelhos de som, quando está ouvindo música, por exemplo.

Entre as possíveis causas dessa perda auditiva gradual, a exposição contínua a ruídos altos é provavelmente uma das mais recorrentes. 

Nesse contexto, a PAIR (perda auditiva induzida por ruído) afeta principalmente alguns trabalhadores em contato com sons altos ou repetitivos em seu dia a dia profissional, além de pessoas que costumam usar os fones de ouvido inadequadamente muito altos.

Neste artigo, mostro o que é a PAIR, quais os mecanismos por trás dessa perda auditiva gradual e quais são as principais abordagens disponíveis hoje para lidar com as consequências desse problema.

Conteúdo:

O que é PAIR?

É interessante saber que a PAIR é uma condição comum, caracterizada pela diminuição gradual da acuidade auditiva como resultado da exposição prolongada a níveis elevados de ruído

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Este tipo de perda auditiva não é condutiva, mas sempre neurossensorial, ou seja, a condução do som acontece de forma desimpedida entre o ambiente e o ouvido, porém as células sensoriais da cóclea são lesionadas e não conseguem mais desempenhar suas funções adequadamente.

A cóclea é uma estrutura em forma de espiral, localizada no ouvido interno, que converte as vibrações sonoras em sinais elétricos, enviados ao cérebro pelo nervo auditivo. Isso é possível graças às células sensoriais ciliadas que revestem o interior da cóclea e detectam as vibrações.

Na PAIR, a exposição prolongada a ruídos altos danifica as células ciliadas da cóclea, criando lesões que levam à perda auditiva gradual e irreversível, principalmente nas frequências mais agudas. 

O que caracteriza a PAIR?

O início da perda auditiva da PAIR geralmente ocorre nas frequências mais altas. À medida que o tempo passa e a exposição ao ruído continua, a perda pode se expandir para outras frequências, afetando de forma global a acuidade auditiva

A PAIR tende a se manifestar de forma bilateral, ou seja, em ambos os ouvidos, e sua natureza irreversível é um dos aspectos mais preocupantes dessa condição.

O que causa a PAIR?

Você deve ter percebido que a PAIR é causada principalmente pela exposição prolongada a níveis elevados de ruído, mas o contato com sons muito abruptos também pode levar a essa condição. A PAIR, na maior parte das vezes, costuma estar associada a algumas atividades laborais.

Nas indústrias, atividades como as realizadas em siderúrgicas, metalúrgicas, gráficas, têxteis e fábricas de papel e papelão ‒ que usam máquinas e equipamentos geradores de níveis elevados de pressão sonora ‒ são as mais frequentemente associadas ao risco de PAIR.

Além das indústrias, profissionais que trabalham em discotecas, boates, eventos musicais e estúdios de gravação também podem estar mais expostos a níveis elevados e constantes de ruído, com potencial para PAIR. 

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Só as atividades profissionais provocam a PAIR?

Não, ainda que na maioria das vezes seja mais diretamente associada a ambientes de trabalho com níveis elevados de ruído, a PAIR também pode resultar do uso prolongado de fones de ouvido em alto volume, bem como alguns comportamentos em shows e casas noturnas.

O uso prolongado de fones de ouvido, principalmente com volume elevado, assim como o ambiente sonoro intenso de shows (especialmente perto das caixas de som) e casas noturnas, também podem danificar as células da cóclea e favorecer o desenvolvimento da PAIR fora do contexto laboral.

PAIR tem tratamento?

Infelizmente, a PAIR não tem um tratamento que leve à cura, uma vez que a perda auditiva provocada por essa condição é irreversível, mas algumas estratégias e abordagens podem ser adotadas para mitigar seus impactos na qualidade de vida.

É importante lembrar que a prevenção ainda é a principal medida para lidar com a PAIR. O uso de proteção auditiva adequada, como protetores auriculares ‒ que são EPIs (equipamentos de proteção individual) obrigatórios para trabalhadores de ambientes com altos níveis de ruído ‒, é essencial para evitar o desenvolvimento da condição. 

Se a diminuição da acuidade auditiva já é uma realidade, a interrupção ou redução da exposição ao ruído deve acontecer para impedir a progressão da PAIR, evitando que a condição piore.

Os aparelhos auditivos podem ser úteis para lidar com a perda auditiva já estabelecida pela PAIR, já que ampliam o impulso sonoro e aumentam a capacidade de compreensão dos sons.

Ainda assim, pessoas diagnosticadas com PAIR precisam realizar um acompanhamento regular com um otorrino ou otoneurologista, para monitorar a evolução da condição e ajustar os aparelhos auditivos conforme necessário. 

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Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
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