Risco de queda em idosos: fatores relacionados e medidas de prevenção
Os principais fatores de risco de queda em idosos são idade avançada, sexo feminino, história prévia de quedas, baixa aptidão física, fraqueza muscular (especialmente de membros inferiores), danos cognitivos (naturais do envelhecimento ou causados por doenças, como Parkinson), alterações no equilíbrio (como tontura e vertigem) e uso de medicamentos.
Observamos que pessoas idosas sofrem mais quedas, mas existem muitos fatores envolvidos nesse fato, além das limitações e alterações decorrentes do envelhecimento.
As quedas muitas vezes estão associadas a comportamentos de risco e ambientes mal estruturados. Além disso, o evento pode estar associado a doenças ou disfunções importantes atreladas a sintomas típicos, como desequilíbrio, fraqueza e tontura.
Especialmente em pessoas com mais de 80 anos, as quedas podem gerar lesões graves. Por isso o indivíduo e seus familiares devem adotar medidas preventivas para evitar acidentes.
Neste artigo, falo sobre o risco de queda em idosos, com um pequeno destaque à quadros que trazem a tontura como sintoma e que podem contribuir para o problema. Continue a leitura para conferir!
Conteúdo:
- Por que os idosos sofrem mais quedas?
- Quais são os principais riscos envolvidos em quedas?
- Que fatores contribuem para o aumento de queda em idosos?
- Quais são as principais causas de tontura em idosos?
- O que fazer em caso de quedas e como preveni-las?
Por que os idosos sofrem mais quedas?
O risco de queda em idosos está atrelado a diversas questões. No que diz respeito ao envelhecimento e às alterações de saúde esperadas nessa faixa etária, temos os seguintes fatores de risco:
- idade avançada (pessoas com mais de 80 anos de idade);
- sexo feminino (mulheres idosas são mais propensas a quedas devido a doenças crônicas, alterações hormonais e outras condições específicas do sexo);
- história prévia de quedas;
- mobilidade reduzida
- baixa aptidão física;
- fraqueza muscular de membros inferiores;
- fraqueza do aperto da mão;
- equilíbrio diminuído;
- alterações visuais;
- marcha lenta em passos curtos;
- dano cognitivo;
- doença de Parkinson;
- fármacos, como sedativos, hipnóticos e ansiolíticos;
- polifarmácia (uso de vários medicamentos).
A capacidade funcional pode variar muito de uma pessoa para outra. Embora fatores genéticos estejam associados, o estilo de vida exerce forte influência no risco de queda.
Idosos sedentários (especialmente aqueles que também foram sedentários a maior parte da vida adulta), por exemplo, são muito mais propensos a sofrerem quedas ou desenvolverem condições que contribuem para esses eventos.
O aumento das quedas, entretanto, também pode estar ligado a problemas de saúde não identificados ou indevidamente tratados, bem como comportamentos de risco ou condições ambientais impróprias para pessoas da terceira idade.
Quais são os principais riscos envolvidos em quedas?
Quedas em idosos são consideradas eventos extremamente importantes, pois podem causar ferimentos graves, lesões permanentes e até a morte ― esse é um dos principais fatores associados à morte de pessoas nessa faixa etária.
Muitos pacientes não identificam situações que são potencialmente arriscadas e permanecem se expondo à elas diariamente, como subir em uma escada para pegar algo ou jogar água no chão para lavar áreas externas.
Outros após caírem e se machucarem, ou testemunharem algum acidente grave com algum ente próximo, desenvolvem um medo aumentado de cair, que pode fazer com que atividades corriqueiras gerem enorme ansiedade.
Que fatores contribuem para o aumento de queda em idosos?
Além dos pontos já tratados, muitos outros fatores podem influenciar o risco de queda em idosos. Em relação ao ambiente que o idoso utiliza, os aspectos mais importantes são:
- iluminação: a baixa luminosidade ou o uso de luzes ofuscantes prejudicam a compreensão do ambiente pelo idoso;
- piso: superfícies muito lisas e escorregadias, rampas (sem corrimão), tapetes e deformidades no chão, como desníveis ou tacos soltos, devem ser evitados;
- móveis: mesas e cadeiras baixas ou pontiagudas, por exemplo, podem contribuir para quedas e acidentes mais graves;
- obstáculos: como fios soltos, móveis no meio do caminho, calçados jogados e equipamentos eletrônicos;
- banheiros: vaso sanitário baixo, piso inapropriado e ausência de barras de apoio podem potencializar o risco de quedas graves nesse ambiente.
Em relação às alterações intrínsecas ao envelhecimento na maioria dos indivíduos, merecem destaque:
- hipotensão postural: tontura ao levantar ou movimentar a cabeça rapidamente, o que diminui a irrigação sanguínea no cérebro por alguns segundos;
- marcha instável: caminhar prejudicado por fraqueza muscular, doença vascular cerebral ou medo de queda, por exemplo;
- osteoartrose: desgaste do tecido flexível nas extremidades dos ossos, especialmente dos joelhos e quadris;
- baixa acuidade visual: em virtude de catarata, retinopatia e distúrbios de refração (como miopia e astigmatismo);
- demência: especialmente em idosos com doença de Alzheimer ou que apresentam sequelas relacionadas à acidentes vasculares cerebrais (AVCs);
- doenças agudas: como infecções, arritmias, hipertensão ou diabetes não controladas;
- sedação: por uso de medicamentos ou substâncias, como álcool;
- instabilidade: pela soma de fatores como baixa acuidade visual, problemas articulares, pouca mobilidade e perda de massa muscular, por exemplo.
Entre todos esses fatores de risco, gostaria de destacar que a tontura é uma das principais causas de queda em idosos e também um dos sintomas mais negligenciados nessa faixa etária por ser, muitas vezes, entendida como algo “normal” para a idade.
A tontura, porém, pode estar relacionada a problemas de saúde importantes e muitas medidas podem ser tomadas para resolvê-la ou preveni-la, melhorando a qualidade de vida do idoso e prevenindo quedas e outros acidentes. Como essa é minha especialidade, reuni, a seguir, as principais causas do sintoma nessa faixa etária e que merecem atenção.
Quais são as principais causas de tontura em idosos?
A tontura é um sintoma extremamente comum em idosos e pode estar relacionada a diversas causas. A primeira coisa que devo destacar, porém, é que a tontura (ou “labirintite”, como é comumente chamada) não é uma doença, mas um sintoma que pode indicar alterações em diferentes sistemas do organismo.
Entre as principais linhas de investigação médica, podemos destacar:
- polifarmácia: uso de diferentes medicamentos que podem ter como efeito colateral a tontura e até medicamentos que diminuem a função do labirinto;
- causas cardiovasculares: como arritmias e alterações súbitas na pressão arterial;
- alterações metabólicas: que são alterações do organismo geralmente detectadas em exames de sangue, como deficiências nutricionais;
- causas neurológicas: como doenças degenerativas, doença cérebro vascular e doença de Parkinson;
- alterações no aparelho vestibular: que podem ser decorrentes de lesões, ou doenças como a VPPB (tontura dos cristais), que é muito comum nessa faixa etária;
- problemas articulares: como alterações degenerativas das articulações que podem gerar dor e instabilidade.
A famosa labirintite, na verdade, é o nome dado à infecção do labirinto, órgão do ouvido interno relacionado à audição e ao equilíbrio. É um quadro que, obrigatoriamente, traz sintomas relacionados ao equilíbrio (como vertigem) e à audição (como perda auditiva e zumbido), e, diferentemente do pensamento comum, é um diagnóstico muito raro no consultório.
Várias outras doenças são muito mais recorrentes, como a VPPB (Vertigem Posicional Paroxística Benigna), a Enxaqueca Vestibular, a Neurite Vestibular e a Doença de Ménière.

O que fazer em caso de quedas e como preveni-las?
Em caso de queda, você deve verificar se o idoso está consciente e lúcido e, em seguida, perguntar se sente alguma dor ou incômodo. Caso nenhuma lesão ou anormalidade seja percebida, ajude-o a sentar para se recuperar do trauma e mantenha-se atento nos dias seguintes para identificar alguma alteração importante.
Em caso de lesões graves ou inconsciência, você deve solicitar o atendimento de urgência ou levar o idoso até um pronto socorro imediatamente, procurando mantê-lo imóvel e seguro.
O ideal, porém, é adotar ações preventivas antes que algo aconteça. Com base nas informações apresentadas, medidas devem ser tomadas com foco na disponibilização de um ambiente seguro para o idoso e o acompanhamento médico adequado.
É também importante incentivá-lo a manter uma vida ativa com hábitos saudáveis, respeitando suas condições e limitações individuais. Além disso, sintomas típicos, como a tontura, não devem ser negligenciados, mas devidamente esclarecidos por um médico.
Essas medidas são importantes não apenas para reduzir o risco de queda do idoso, mas também para resguardar a sua saúde e a sua qualidade de vida.
Este artigo fica por aqui. Eu sou Nathália Prudencio, médica otoneurologista, e se você deseja saber mais sobre mim e sobre o meu trabalho, acesse meu perfil no Instagram e meu canal do YouTube!