Os pilares para tratamento do zumbido | Dra Nathália Prudencio

Aparelhos auditivos, terapia sonora, mudanças na dieta, sono de qualidade, atividade física regular e apoio psicológico e psiquiátrico são exemplos de tratamento para o zumbido no ouvido. A estratégia adotada pelo médico otorrinolaringologista varia de acordo com o diagnóstico do paciente e, na maioria das vezes, requer acompanhamento multidisciplinar.

Antes de mais nada, é importante esclarecer que o zumbido no ouvido não é uma doença, mas um sintoma que pode estar associado a diversas causas diferentes.

Sendo assim, a primeira coisa a fazer é descobrir o tratamento mais adequado para a disfunção ou patologia que provoca o sintoma — levando em conta que um mesmo paciente pode apresentar vários fatores que contribuem para o surgimento e para o agravamento do zumbido.

É fundamental, portanto, consultar um otorrinolaringologista — preferencialmente um otoneurologista, que é o médico especialista em tontura e zumbido — para obter um diagnóstico para o seu quadro, em específico.

A estratégia médica pode envolver um ou mais tipos de intervenção e depende do fator desencadeador, da experiência relatada pelo paciente e da maneira como ele lida com o sintoma. A seguir, você confere os principais motivos que provocam o sintoma, além de 10 tratamentos para o zumbido indicados pelos médicos, considerando todas as suas diversas causas e quadros!

Conteúdo:

O que fazer para acabar com o zumbido no ouvido?

O zumbido no ouvido é um sintoma muito comum e nem sempre é entendido como um problema — na verdade, estima-se que apenas um em cada dez pacientes apresenta o zumbido como um incômodo relevante.

Embora o tipo de ruído e a intensidade do som variem bastante, é importante compreender que estamos falando de um sintoma muito subjetivo, cuja percepção e a experiência individual podem influenciar diretamente o quadro.

O desconhecimento sobre o assunto e a ansiedade por soluções simples e rápidas, portanto, pode aumentar o sofrimento do paciente e torná-lo vulnerável a promessas falsas, como os medicamentos e tratamentos sem eficácia comprovada que circulam aos montes pela internet. 

Por isso é tão importante consultar um especialista para compreender o seu zumbido e descobrir as causas por trás dele. Esse é o primeiro passo para a sua melhora.

O que pode causar zumbido no ouvido?

O zumbido no ouvido pode ser causado por diversos fatores e geralmente os pacientes apresentam vários motivos para tê-lo. As suas causas principais são:

  • perda auditiva;
  • desordens funcionais (como bruxismo e disfunção temporomandibular);
  • alterações vasculares na região do ouvido ou em suas proximidades;
  • medicamentos;
  • cerume impactado;
  • infecções (como otites e Labirintite).
  • doenças que acometem o labirinto (como Enxaqueca Vestibular e Doença de Ménière);

Em parte dos casos, o zumbido no ouvido é curável — geralmente quando causado por cerume, infecções, medicamentos ou alterações musculares —, mas a maioria dos pacientes o terá de forma crônica.

Recomendado para você:  Tratamento para Labirintite: quadros, medicamentos e cuidados em casa

A perda auditiva é um dos motivos mais frequentes para o desencadeamento do zumbido crônico, sendo esse o primeiro fator a ser investigado pelo médico, mas diversos outros fatores podem estar associados.

Somente um diagnóstico preciso e confiável, portanto, nos permite escolher a melhor linha de tratamento para cada paciente.

10 tratamentos para o zumbido no ouvido

Existem diversos tratamentos para o zumbido no ouvido, mas a escolha deles, como dito, depende da descoberta da causa subjacente do sintoma, ou seja, o motivo primário que desencadeou o zumbido, bem como de possíveis fatores associados.

A seguir, você confere um apanhado com os principais tratamentos disponíveis na atualidade, considerando as diversas causas e quadros do sintoma. Confira!

1. Lavagem de ouvido em consultório

Obstruções no canal auditivo podem gerar alterações na audição. Sendo assim, a remoção de cerume ou corpo estranho que podem estar alojadas nesta região é um tipo de tratamento para o zumbido.

Você deve saber, porém, que esse procedimento deve ser feito somente em consultório e realizado por um médico otorrinolaringologista!

Quando o sintoma se restringe a essa causa, a melhora é notada imediatamente após o processo.

2. Tratamento de infecções

Embora não seja uma causa comum, inflamações e infecções, principalmente em ouvido médio, podem provocar o zumbido. Nesses casos, o sintoma também tende a desaparecer de acordo com a evolução do tratamento da doença ou da disfunção relacionada.

É importante você saber que infecções, como a Labirintite, são raras na rotina dos consultórios de otorrinolaringologia. Quando surgem, porém, elas são potencialmente capazes de gerar quadros pontuais ou permanentes de perda auditiva e zumbido.

O paciente, portanto, não deve postergar a avaliação médica, especialmente quando existem outros sintomas atrelados, como febre, secreção e dor no ouvido.

3. Aparelhos auditivos

A maioria dos quadros de zumbido no ouvido permanente estão relacionados a algum grau de perda auditiva, mesmo que leve. Para todos esses casos, a primeira solução indicada é o aparelho de amplificação sonora.

A tecnologia utilizada nesses dispositivos evoluiu muito e existem modelos e ajustes específicos para diferentes tipos de perda auditiva e zumbido.

Além da intervenção direta, porém, outras abordagens são também recomendadas para melhorar a qualidade de vida do paciente. Comento sobre elas nos próximos itens.

4. Terapia sonora

Quando o paciente apresenta um quadro permanente de zumbido no ouvido, são também recomendados ajustes no seu dia a dia para reduzir a percepção e a resposta emocional ao ruído — que pode assemelhar-se ao som de uma cigarra, apito ou água corrente, por exemplo.

Uma prática rotineira é a chamada terapia sonora, que consiste em utilizar ruídos brancos, como som de chuva, cachoeira, barulho de um ventilador ou ar condicionado ligados, mais baixos que o zumbido, e que poderão ajudar a diminuir a percepção do barulho e o incômodo que o zumbido gera, principalmente no silêncio. Sempre que estiver em ambientes muito silenciosos, a terapia sonora poderá ser utilizada.

Recomendado para você:  Os 7 principais sintomas de labirintite (e por que sua tontura, provavelmente, não é labirintite)

5. Terapia de Retreinamento do Zumbido (T.R.T.)

Há uma terapia documentada para o tratamento do zumbido, a chamada Tinnitus Retraining Therapy (Terapia de Retreinamento do Zumbido ou apenas T.R.T), que deve ser acompanhada por um médico otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo.

Esta abordagem toma como princípio o fato de o cérebro naturalmente reduzir a percepção de sons monótonos. Isso nos permite dizer que a atenção dada pelo paciente ao sintoma está diretamente ligada à sua experiência com o zumbido.

O objetivo da T.R.T, portanto, é promover a habituação do paciente ao ruído, o que exige uma intervenção contínua, idealmente realizada por meio de aparelhos auditivos e aconselhamento. Nesse caso, além de amplificar o som externo (para compensar a perda auditiva), os dispositivos também emitem sons em frequências especificamente ajustadas.

Como estamos falando de uma condição bastante subjetiva, este tratamento tem resultados muito variáveis. De maneira geral, porém, a terapia reduz a ansiedade do paciente e contribui para o seu bem-estar, uma vez que o ajuda a perceber que pode levar uma vida normal, mesmo com o zumbido.

6. Acompanhamento psicológico e psiquiátrico

Está claro na medicina que há, de fato, uma interferência entre fatores psicológicos e emocionais com manifestações físicas e perceptivas. O zumbido, por exemplo, é um sintoma particularmente incômodo para os pacientes em momentos de grande tensão emocional e estresse.

Entenda, porém, que esses fatores por si só não são capazes de desencadear o sintoma. O mesmo vale para tonturas e náuseas frequentemente associadas a uma suposta “labirintite emocional”.

Geralmente, o paciente já apresenta vários tipos de predisposições para o zumbido e/ou para a tontura e seu estado emocional influencia a percepção desses sintomas, funcionando como gatilho em muitos casos.

Sendo assim, a avaliação psicológica e psiquiátrica pode ser necessária para que o médico entenda melhor o quadro do paciente e verifique se há presença, ou não, de transtornos de ansiedade ou depressão associados.

7. Intervenções odontológicas e fisioterápicas

Há, também, muitos casos de zumbido ligados a desvios na coluna cervical, contraturas musculares e disfunções, como a DTM (Disfunção Temporomandibular) e o bruxismo (o ranger ou apertar dos dentes, geralmente durante o sono).

Nesses casos, o tratamento para o zumbido se estende para outras áreas da saúde, em especial a odontologia e a fisioterapia.

Entretanto, mesmo quando é clara a correlação com esses fatores, o primeiro profissional a ser consultado deve ser o médico otorrinolaringologista. Como dito, o zumbido comumente está associado a alterações no sistema auditivo, bem como a problemas musculares e articulares.

8. Alimentação saudável

Muitos pacientes associam o surgimento ou a piora do zumbido com a ingestão pontual ou regular de determinados alimentos. Evitar açúcar e cafeína em excesso, por exemplo, é uma recomendação facilmente encontrada em artigos e vídeos na internet.

Recomendado para você:  Guia completo sobre zumbido no ouvido: o que é, tipos, causas, prevenção, diagnóstico, tratamentos e dúvidas comuns

É importante esclarecer, porém, que nenhum alimento sozinho é capaz de desencadear o zumbido. O que acontece é que certos grupos alimentares, em excesso, podem causar alterações nos níveis de açúcar e insulina do organismo. São essas alterações que, em alguns pacientes, fazem com que os alimentos atuem como estimulantes ou gatilhos.

De maneira geral, é sempre recomendável que o paciente adote uma dieta saudável, rica em nutrientes variados, e se hidrate constantemente. Isso é importante não somente para a saúde auditiva, mas para o bom funcionamento do corpo como um todo.

9. Prática regular de atividade física e sono de qualidade

Assim como a alimentação saudável, a prática regular de atividades físicas e a melhora da qualidade do sono são grandes aliados no controle da ansiedade e do estresse, além de ajudarem a tratar e prevenir transtornos de ansiedade e depressão.

O tratamento do zumbido também deve abranger ações com foco na melhora da qualidade de vida do paciente. Esses cuidados não só geram diversos benefícios ao organismo, como também ajudam o paciente a lidar com o sintoma com mais tranquilidade e resiliência.

10. Medicamentos (para causas subjacentes)

Eis a pergunta que mais escuto no consultório: existe um remédio único para zumbido?

A resposta, infelizmente, é não. Até o momento, nenhuma medicação com ação direta no zumbido teve a sua eficácia comprovada.

Entretanto, causas e fatores subjacentes podem exigir medicação, como no caso de pacientes hipertensos e diabéticos. Analgésicos e anti-inflamatórios também podem ser recomendados para aliviar dores articulares, assim como antidepressivos, para controle de ansiedade e para tratamento de transtornos do humor.

Como você pôde perceber, existem diversas ferramentas e meios de tratar o zumbido no ouvido e, em alguns casos, podemos ter uma remissão completa do zumbido. O grande desafio, portanto, é obter um diagnóstico preciso, pois só a partir dele somos capazes de montar uma estratégia de tratamento realmente eficaz.

Dessa forma, é altamente recomendável consultar um otoneurologista, o médico otorrinolaringologista dedicado a disfunções e patologias causadoras de zumbido no ouvido. Ele é o especialista mais preparado para lidar com esse tipo de sintoma e, portanto, o mais indicado para diagnosticar e tratar o zumbido no ouvido.

Quer saber tudo sobre esse sintoma tão intrigante? Então não deixe de conferir o nosso Guia Completo sobre Zumbido no Ouvido!

 


Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
Você confere orientações e dicas sobre esse e outros assuntos aqui no blog e também no Facebook, no Instagram e no YouTube.
A Dra Nathália está disponível para teleconsultas e consultas presenciais em São Paulo. Agende uma consulta pelo Doctoralia ou pelo WhatsApp!