Tudo sobre otosclerose: o que é, principais causas, diagnóstico e tratamentos disponíveis
Perda auditiva não é uma “doença de idosos”! No caso da otosclerose, por exemplo, os sintomas podem começar já por volta dos 20 anos e tendem a evoluir com o passar dos anos. Quanto antes for feito o diagnóstico, mais cedo podemos adotar recursos e estratégias para administrar os sintomas e preservar a qualidade de vida do paciente.
O principal sintoma e, ao mesmo tempo, a principal consequência da otosclerose é, sem dúvida, a perda auditiva.
A doença pode começar cedo, mas na maior parte das vezes os pacientes só buscam atendimento médico quando sentem uma perda auditiva mais acentuada.
Neste artigo, eu reuni todas as principais informações sobre a otosclerose, desde sua definição, causas e sintomas, até o diagnóstico e tratamento, para te ajudar a identificar a doença e buscar atendimento médico. Vamos lá?
Conteúdo:
- O que é otosclerose?
- O que causa otosclerose?
- Como identificar a otosclerose?
- Otosclerose tem tratamento?
O que é otosclerose?
Os ossículos do ouvido médio incluem o martelo, a bigorna e o estribo. Quando o som atinge o tímpano, ele faz o martelo vibrar, que, por sua vez, move a bigorna, e essa movimenta o estribo. O estribo, que é o menor osso do corpo humano, transfere as vibrações para a cóclea, onde o som é convertido nos sinais elétricos que o cérebro interpreta como som.
Nesse contexto, quero lembrar que a palavra esclerose vem do grego “sklḗrōsis” e quer dizer “endurecimento”. Ou seja, no caso da otosclerose, esse endurecimento acomete um dos ossículos do ouvido médio (o estribo), prejudicando toda essa cadeia de transmissão e interpretação dos estímulos sonoros ‒ o que está diretamente ligado à perda auditiva.
O que causa otosclerose?
Embora a otosclerose ainda não tenha uma causa precisamente determinada, sabemos que é uma doença que causa o remodelamento ósseo da cápsula ótica, estrutura óssea que envolve e protege o labirinto. Como o estrubo está ligado a uma região específica dessa cápsula, ele acaba sendo atingido.
Essa doença tem um forte componente genético e hereditário, por estar presente principalmente em famílias com outros casos de otosclerose, além de afetar mais frequentemente pessoas do sexo feminino — a doença afeta 2 a 3 vezes mais mulheres do que homens, o que levanta hipóteses de alguma influência hormonal na doença, o que ainda não é totalmente esclarecido.
Além disso, distúrbios vasculares e metabólicos, bem como infecções virais e traumatismos também são fatores associados observados na evolução de pacientes com otosclerose.
Também devo destacar que a otosclerose não é uma doença autoimune. Há sim uma hipótese que sugere essa causa, mas não há qualquer comprovação nesse sentido.
Como identificar a otosclerose?
A otosclerose geralmente começa a se manifestar entre os 20 e 30 anos de idade, mas os sintomas tendem a se agravar com o tempo, sendo bastante perceptíveis no intervalo entre o final da vida adulta e início da terceira idade.
Outro dado interessante é que, em termos de prevalência, a otosclerose afeta mais frequentemente pessoas de ascendência caucasiana, sendo menos comum entre indivíduos de origem africana ou asiática.
Sintomas
O principal sintoma da otosclerose é a perda auditiva, normalmente progressiva e que pode afetar um ou ambos os ouvidos.
Inicialmente, essa perda auditiva é geralmente condutiva bilateral, ou seja, ocorre nos dois ouvidos e está relacionada a dificuldades na transmissão do som para o ouvido interno. A progressão do quadro pode dificultar o entendimento da fala em conversas e também motivar o paciente a aumentar o volume de aparelhos eletrônicos.
Contudo, com o tempo e à medida que a doença avança, a perda auditiva pode evoluir para uma forma neurossensorial, comprometendo também o ouvido interno.
Além da perda auditiva, alguns pacientes, especialmente em estágios mais avançados da otosclerose, podem apresentar também zumbido no ouvido e alterações do equilíbrio, como vertigens.
Diagnóstico
O diagnóstico preciso da Otosclerose só pode ser feito abrindo o osso temporal do paciente, entretanto, a combinação de avaliação clínica e exames complementares nos ajudam a sugerir este quadro. A avaliação do paciente geralmente consiste em:
- história clínica: inclui a coleta de informações sobre histórico familiar de perda auditiva e sua própria experiência— se ela foi progressiva, quando começou, em que estágio está —, além de sintomas associados, como zumbido no ouvido;
- audiometria: esse exame mede a capacidade auditiva do paciente e, na otosclerose, pode revelar se a perda auditiva é condutiva (dificuldade na transmissão do som pelo ouvido médio) ou, nos casos mais avançados, se há uma perda auditiva neurossensorial (problemas associados à cóclea e ao nervo auditivo);
- impedanciometria: como este exame avalia a mobilidade dos ossículos do ouvido, na otosclerose, a impedanciometria pode mostrar uma curva tipo “AS”, indicando rigidez no sistema tímpano-ossicular e ausência do reflexo do estribo, sugerindo que ele está fixado;
- tomografia computadorizada (TC): normalmente utilizada para os casos suspeitos de otosclerose coclear ou para uma avaliação mais detalhada da estrutura óssea do ouvido, a TC pode ser útil para visualizar com mais detalhes a fixação do estribo e outras alterações ósseas ao redor da cóclea — hoje em dia, temos também a tomografia de alta resolução, que costuma mostra a região afetada pela Otosclerose com maiores detalhes.
Esses exames ajudam a sugerir o diagnóstico de otosclerose e a determinar o estágio da doença para planejar o tratamento adequado.
Otosclerose tem tratamento?
Sim, a otosclerose tem tratamento, embora não haja uma cura definitiva para a doença. O tratamento visa gerir a progressão da condição e administrar os sintomas, especialmente a perda auditiva.
Em casos muito específicos, em que há uma perda auditiva com progressão rápida, podemos usar bifosfonatos, classe de medicamentos que previnem a diminuição da densidade mineral óssea.
Para os pacientes em geral que apresentam perda de audição, o uso de aparelhos auditivos é a solução mais eficaz, já que esses dispositivos amplificam os sons e ajudam a melhorar a audição, facilitando a comunicação e a qualidade de vida.
A intervenção cirúrgica é também uma opção, mesmo em estágios iniciais da doença, desde que o paciente opte por ela. O procedimento mais comum é a estapedotomia, em que o estribo afetado é removido e substituído por uma prótese.
Este procedimento pode ser indicado com urgência quando a otosclerose está muito avançada e o estribo mostra-se fixo, sem movimento. Entretanto, em alguns casos, a cirurgia pode não ser uma opção devido a contraindicações médicas, e o manejo dos sintomas com aparelhos auditivos é mantido como a principal abordagem.
Os pacientes com otosclerose também devem adotar cuidados semelhantes aos de outros pacientes com perda auditiva, sobretudo evitar a exposição a outros fatores que podem agravar a perda de audição, como exposição a ruídos altos e uso de medicações ototóxicas.
É importante que o tratamento seja adaptado às necessidades individuais de cada paciente, por isso o acompanhamento regular com um otorrinolaringologista ou otoneurologista é fundamental para monitorar a progressão da doença e ajustar o tratamento conforme necessário.
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