Diagnóstico e profissionais indicados no tratamento da LABIRINTITE | Dra Nathália Prudencio

O tratamento para Labirintite, que é um quadro viral na maioria dos casos, consiste em repouso, hidratação, alimentação saudável, sono de qualidade e medicamentos para aliviar os sintomas, quando muito intensos. Antibióticos são prescritos somente em quadros bacterianos e alguns pacientes podem necessitar de fisioterapia (terapia de reabilitação vestibular).

Diferentemente do que muitas pessoas acreditam, a Labirintite, de fato, é um dos quadros mais raros no consultório. A VPPB (a “tontura dos cristais”), a Enxaqueca Vestibular e a Vertigem Fóbica, por exemplo, são diagnósticos muito mais frequentes em pacientes que se queixam de tontura.

Sempre destaco em conteúdos, entrevistas e consultas que Labirintite e tontura não são a mesma coisa. O termo Labirintite, na verdade, se refere à infecção do Labirinto, estrutura do ouvido interno responsável pelo nosso equilíbrio e pela audição.

Além da tontura, o paciente acometido pela doença também apresenta alterações auditivas, como perda de audição e zumbido, nistagmo (movimento involuntário dos olhos), náusea, e outros sintomas típicos de quadros infecciosos.

Neste artigo, falo sobre o tratamento da Labirintite, os medicamentos que podem ser utilizados e demais cuidados que essa doença exige. Vamos lá?

Conteúdo:

Em que consiste o tratamento da Labirintite?

Na maioria dos casos da doença em adultos, a Labirintite é desencadeada por uma infecção viral que tende a regredir gradualmente dentro de alguns dias ou semanas. Assim como em qualquer quadro viral, é recomendado repouso, hidratação e bons hábitos alimentares, além de medicamentos para diminuir o processo inflamatório, como corticoides orais. Para todos os casos, porém, o acompanhamento médico é fundamental.

Não deixe de procurar um otorrinolaringologista ao notar uma tontura que surge associada a outros sintomas, especialmente alterações auditivas, como zumbido no ouvido, sensação de ouvido tapado e perda de audição.

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Como dito, a tontura é um sintoma típico de várias doenças e disfunções, por isso, o diagnóstico e o acompanhamento de um médico são fundamentais para garantir o tratamento correto.

Quando a tontura ou a perda de equilíbrio persistem devido a uma sequela no labirinto, é indicada a chamada Terapia de Reabilitação Vestibular, um tipo de fisioterapia que inclui exercícios para os olhos, cabeça e pescoço para ajudar o paciente a restabelecer o equilíbrio e a coordenação.

Que medicamentos podem ser usados no tratamento da Labirintite?

A maioria dos pacientes com Labirintite apresentam sintomas auditivos associados à tontura, náusea e vômitos. O diagnóstico, geralmente, só é definido após dias ou semanas do início do quadro, quando o paciente toma a decisão de buscar um médico especialista no assunto.

A escolha do tratamento depende dos sintomas do paciente, da evolução do quadro e do resultado de exames complementares. A seguir, você confere as principais classes de medicamentos que podem ser utilizados.

Antibióticos

Quando a Labirintite é causada por uma infecção bacteriana (que pode vir do ouvido médio ou a partir de um quadro de Meningite, por exemplo), é necessário realizar o tratamento com antibióticos. Nesses casos, é ainda mais importante o diagnóstico correto e o acompanhamento médico para garantir a completa recuperação do paciente.

É importante destacar que a Labirintite bacteriana é um diagnóstico médico e você não deve jamais fazer uso de antibióticos ou de qualquer outro medicamentos sem a orientação de um especialista.

Anti-histamínicos e antieméticos

Anti-histamínicos, como Prometazina (Fenergan), Dimenidrato (Dramin) e a meclizina podem ser prescritos para ajudar a aliviar a tontura e a náusea, geralmente são utilizados quando o paciente procura o pronto socorro com sintomas intensos ou prescritos para casa por alguns dias para alívio de sintomas.

Bloqueadores de canais de cálcio

Medicamentos como a Flunarizina e a Cinarizina são muito utilizados para alívio de crises de tontura provocadas pela Labirintite e outras causas.

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Betaistina

A Betaistina é muito famosa e muito utilizada nesses casos, mas é indicada em quadros agudos e intensos de tontura. Ela só é indicada em pacientes com sequelas adquiridas a partir do quadro que acometeu o Labirinto e que necessitam compensar essa lesão. 

Benzodiazepínicos

Benzodiazepínicos, como o Diazepam, podem ser prescritos para ajudar a controlar a vertigem quando outras medicações já foram utilizadas sem melhora do quadro. Lembre-se que essa medicação é controlada e seu uso deve ser orientado por um médico!

Corticoides

Corticoides também podem ser prescritos em alguns casos de Labirintite, pois ajudam a reduzir a inflamação que está ocorrendo na orelha interna, aliviando os sintomas, ou até ajudando na reversão de alguma sequela, como a perda de audição.

Reforço, mais uma vez, que nenhum desses medicamentos deve ser utilizado sem prescrição médica! Até mesmo o uso de remédios caseiros ou naturais deve ser acompanhado por um especialista, pois seu uso também pode gerar alterações importantes no organismo.  

Remédios caseiros ou naturais podem ser usados para tratar a Labirintite?

O uso de medicamentos naturais ou caseiros é extremamente comum, mas requer cautela.

A primeira coisa que devemos esclarecer é que, até o momento, nenhuma solução natural, como chá de gengibre ou de ginkgo biloba, teve sua eficácia comprovada cientificamente para o tratamento da Labirintite. Encontramos alguns estudos relacionados, mas nenhum deles robusto o suficiente para nos permitir afirmar que essas receitas funcionam.

Outro ponto muito importante é que as substâncias ditas “naturais” não são inofensivas. O consumo indiscriminado de raízes, plantas e ervas também pode causar alterações no organismo e prejudicar a saúde.

Isso não significa que você não possa utilizar essas receitas, mas é extremamente recomendável que você consulte o seu médico antes de utilizá-las, mesmo que sirvam apenas como um tratamento complementar.

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Que cuidados o paciente deve tomar em casa?

Além do acompanhamento médico, o tratamento da Labirintite também prevê alguns cuidados em casa. O objetivo é dar condições ao nosso organismo para se recuperar bem e de maneira completa.

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As principais recomendações que damos aos pacientes são:

  • fazer repouso: é fundamental evitar atividades e movimentos bruscos (que podem piorar os sintomas) e atividades físicas intensas;
  • manter-se hidratado: beber bastante água e líquidos para evitar a desidratação, especialmente se estiver tendo vômitos ou diarreia;
  • evitar estímulos que desencadeiam sintomas: estímulos visuais, como luzes piscando ou padrões em movimento, podem desencadear tonturas e náuseas;
  • fazer refeições leves: dê preferência a refeições leves e regulares e evite alimentos muito doces ou gordurosos;
  • dormir bem: procure dormir o suficiente e manter um horário regular de sono para ajudar o corpo a se recuperar mais rapidamente.

Será Labirintite mesmo?

Por fim, devo reforçar mais uma vez que tontura e Labirintite são coisas diferentes!

A Labirintite traz uma variedade de sintomas além da tontura e vários deles também são observados em outras doenças. A avaliação clínica e o diagnóstico correto, portanto, são imprescindíveis para o tratamento adequado do paciente.

Sendo assim, caso note uma tontura persistente, especialmente quando associada a outros sintomas, procure um médico otorrinolaringologista ou um otoneurologista (otorrino especializado em tontura e zumbido).

Concluindo, o tratamento da Labirintite é relativamente simples na maioria dos casos, mas o acompanhamento médico é fundamental em todos eles. Medicamentos para alívio dos sintomas podem ser prescritos em quadros virais, assim como antibióticos, em casos de infecção bacteriana.

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Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
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