Homem idoso desiludido olhando pela janela - Zumbido no ouvido e Alzheimer

O zumbido no ouvido não causa doença de Alzheimer, mas é um dos principais sintomas da perda auditiva, condição que, quando não tratada, é um fator de risco para demência e quadros relacionados.

Uma dúvida muito comum e que tem surgido com mais frequência é sobre a possível relação entre o zumbido no ouvido e a doença de Alzheimer.

De fato, tanto o zumbido quanto o Alzheimer são diagnósticos típicos da terceira idade, mas falamos de duas coisas diferentes.

A Doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta o cérebro, causando perda de memória, dificuldades cognitivas e alterações de comportamento. É a forma mais comum de demência em idosos, caracterizada pela morte de células e o acúmulo de placas de proteínas no sistema nervoso central.

O zumbido no ouvido, por sua vez, é um sintoma presente em diversos quadros de saúde, mas frequentemente observado em pacientes com algum grau de perda ou lesão auditiva

E aqui chegamos em um ponto importante: não existem evidências robustas que nos permitam afirmar que o zumbido no ouvido, isoladamente, provoque Alzheimer, mas a perda auditiva não tratada é sim um fator de risco para o desenvolvimento de demência.

Uma revisão publicada pela revista Lancet em 2020 reuniu diversos estudos científicos sobre a questão e destacou os 12 principais fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de demência. São eles:

  1. baixo nível de escolaridade;
  2. hipertensão;
  3. perda auditiva;
  4. tabagismo;
  5. obesidade;
  6. depressão;
  7. sedentarismo;
  8. diabetes;
  9. isolamento social;
  10. excesso de álcool;
  11. traumatismo craniano;
  12. poluição do ar.

Como você vê, o zumbido no ouvido não está na lista, mas nela temos a perda auditiva e também o isolamento social — condição frequentemente observada em pacientes com perda auditiva não corrigida.

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Além da privação de estímulos sonoros, a perda auditiva pode afetar a vida de uma pessoa de várias formas, sobretudo na comunicação. O paciente pode enfrentar dificuldades e constrangimentos em conversas e ocasiões sociais, especialmente em ambientes cheios e ruidosos, o que estimula muitos deles a evitar tais situações.

A mesma revisão estima que prevenir ou tratar esses 12 fatores de risco pode evitar ou retardar em até 40% os casos de demência — e, se tratando da perda auditiva, uma das medidas sugeridas é incentivar o uso de aparelhos auditivos.

É importante destacar que o zumbido pode ser desencadeado até por perdas discretas de audição ou pequenas lesões. O fato de você ouvir bem — ou julgar que ouve bem —, portanto, não descarta esse diagnóstico.

Sobre o zumbido ser um fator desencadeador de Alzheimer, embora existam alguns trabalhos que tentam estabelecer essa relação, nenhum deles deixa claro se os pacientes estudados, além do zumbido, também tinham uma perda auditiva não corrigida.

O que sabemos é que a perda auditiva é um fator de risco para a demência, e o zumbido é um dos seus sintomas. Em todos os casos, saiba que o zumbido no ouvido deve ser sempre investigado, pois pode estar relacionado a quadros de saúde importantes, e o tratamento adequado pode recuperar a sua qualidade de vida.

Consulte um médico otoneurologista e descubra o quanto antes as causas e a melhor forma de tratar o seu zumbido!

 


Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
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