Cigarro e audição: fumar pode causar perda auditiva?
O cigarro prejudica a audição ao comprometer a circulação sanguínea e a oxigenação das estruturas e tecidos que participam da percepção sonora. Além da perda auditiva, o tabagismo pode levar a danos irreversíveis devido à presença de substâncias tóxicas, como nicotina e monóxido de carbono.
Pouca gente sabe disso, mas o cigarro pode estar associado à perda auditiva porque as substâncias tóxicas do cigarro favorecem a degeneração de tecidos, inclusive aqueles associados à audição.
A maneira como o som é captado, processado e interpretado pelo cérebro envolve uma série de etapas complexas que começam na orelha externa e se estendem até o córtex auditivo, onde os sinais elétricos gerados pelo ouvido interno são transformados em percepções sonoras.
Neste texto, te explico melhor como o cigarro pode comprometer a saúde auditiva. Vamos lá?
Conteúdo:
Como funciona a audição?
A audição humana é um processo complexo que começa na orelha externa, onde a orelha e o conduto auditivo coletam as ondas sonoras e as direciona à membrana timpânica, que amplifica as frequências, preparando o som para as próximas etapas.
Na orelha média, as vibrações sonoras são transmitidas pelos ossículos para o ouvido interno. O tímpano vibra em resposta às ondas sonoras, movimentando os ossículos auditivos (martelo, bigorna e estribo), enquanto a tuba auditiva equilibra a pressão do ar.
No ouvido interno, a cóclea transforma as vibrações mecânicas em sinais elétricos. O órgão de Corti, localizado na cóclea, utiliza células ciliadas para realizar essa conversão. As células ciliadas internas geram os sinais elétricos, enquanto as células ciliadas externas amplificam o som.
Os sinais elétricos gerados pela cóclea seguem pelo nervo auditivo até o cérebro. Após passarem pelo tronco encefálico e pelo tálamo, eles chegam ao córtex auditivo, onde são interpretados, permitindo a identificação de sons, vozes e outros estímulos auditivos.
Como o cigarro prejudica a audição?
O cigarro é composto por uma série de substâncias tóxicas que têm efeitos nocivos sobre diversos sistemas do corpo humano, e o sistema auditivo não está imune a esses danos.
Entre os principais compostos presentes na fumaça do cigarro, estão a nicotina, o monóxido de carbono, a amônia, o cianeto de hidrogênio e diversos solventes químicos. Cada uma dessas substâncias age de forma específica no organismo, prejudicando a saúde de maneira geral.
No entanto, é importante destacar que essas substâncias afetam de maneira particular a função auditiva, principalmente por comprometerem a circulação sanguínea e a oxigenação dos tecidos auditivos, essenciais para o funcionamento adequado da audição.
Quando o fluxo sanguíneo e a oxigenação são reduzidos, as estruturas auditivas ficam mais vulneráveis a danos, o que pode resultar em perda auditiva e sintomas relacionados, como o zumbido.
O cigarro e a vascularização das estruturas auditivas
A audição humana depende de uma série de estruturas que trabalham em conjunto para captar e processar os sons, como a cóclea, que transforma as vibrações sonoras em impulsos elétricos que são enviados ao cérebro para serem interpretados.
Para que esse processo ocorra de maneira eficiente, a cóclea precisa de uma circulação sanguínea constante. Ela é alimentada por um único vaso sanguíneo de pequeno calibre, responsável por fornecer oxigênio e nutrientes essenciais para as células auditivas.
Assim, a exposição constante às substâncias presentes na fumaça do cigarro, como a nicotina e outros compostos vasoconstritores presentes no cigarro, pode reduzir o fluxo sanguíneo para a cóclea, prejudicando a eficiência desse processo.
Cigarro e hipóxia das estruturas auditivas
Além dos prejuízos à oxigenação, causados pelos problemas vasculares que o cigarro pode trazer, o monóxido de carbono, que se forma durante a queima do tabaco, é um gás especialmente nocivo porque ele compete com o oxigênio pela ligação com a hemoglobina no sangue.
Quando o monóxido de carbono se liga à hemoglobina, forma-se a carboxihemoglobina, uma substância que não pode ser transportada pelo sangue, o que reduz a disponibilidade de oxigênio para os tecidos do corpo, incluindo os tecidos do ouvido interno.
Com menos oxigênio disponível para as células auditivas, ocorre um processo denominado hipóxia, que é a falta de oxigênio. A hipóxia prejudica o metabolismo celular e afeta o funcionamento das células auditivas, o que pode levar à morte celular nas estruturas da cóclea. A morte das células ciliadas, em particular, é irreversível e resulta em perda auditiva permanente.
Assim, a exposição contínua ao monóxido de carbono e outras substâncias presentes na fumaça do cigarro agrava o risco de danos auditivos, afetando a capacidade do indivíduo de perceber os sons de maneira eficaz.
Além do tabaco, outros hábitos e condições podem ter relação com a perda auditiva sem que a maior parte das pessoas saiba disso, como é o caso do diabetes. Confira também: Como a diabetes pode afetar a audição e saiba como prevenir a perda auditiva neurossensorial decorrente da doença