Quais são as causas da Labirintite? É Labirintite mesmo?
A Labirintite é a infecção/inflamação do labirinto, órgão do ouvido interno relacionado à audição e ao equilíbrio. A tontura é um dos sintomas da Labirintite, mas também está presente em diversas outras disfunções e doenças. Apesar do nome popular, a Labirintite é um dos diagnósticos mais raros nos consultórios.
Procuro sempre esclarecer a Labirintite, seja aqui no blog, seja nas redes sociais, assim como em entrevistas e, principalmente, no consultório.
Essa doença ainda é muito mal compreendida pela população e o desconhecimento pode levar as pessoas a tirarem conclusões precipitadas e até incentivar a automedicação, o que é extremamente desaconselhado.
A primeira coisa que precisamos entender é que Labirintite não é sinônimo de tontura. Na realidade, ela é um dos diagnósticos mais raros entre pacientes com este tipo de sintoma.
Neste artigo, quero que você entenda não apenas as causas da Labirintite, mas também as características dessa doença para que não restem mais dúvidas sobre o seu diagnóstico e também sobre o que fazer em caso de suspeita. Vamos lá?
Conteúdo:
- O que é Labirintite, afinal?
- Como diferenciar a Labirintite de outras doenças?
- Quais são as principais causas da Labirintite?
- O que fazer em caso de tontura e outros sintomas relacionados à Labirintite?
O que é Labirintite, afinal?
Com certeza você já se deparou com um amigo ou parente ― se não, você mesmo ― se queixando de “labirintite” ao sentir uma tontura incomum. As pessoas também costumam se interessar por alimentos ou hábitos que “atacam” a labirintite ou quando a labirintite é perigosa e exige cuidados médicos.
Quero que fique bem claro: a tontura é um sintoma, a Labirintite é uma doença!
De fato, a tontura é um dos principais sintomas da Labirintite, mas também de vários outros quadros de saúde muito mais comuns, como a VPPB (tontura das cristais) e a Enxaqueca Vestibular.
Outro ponto importante é que o labirinto, a região afetada, também está diretamente associada à audição. Logo, sintomas auditivos — como sensação de ouvido tapado, perda auditiva e zumbido — também são esperados em um quadro de Labirintite.
Por fim, também devo esclarecer que a Labirintite é uma infecção geralmente autolimitada (a maioria dos pacientes tende a se recuperar em algumas semanas), podendo deixar sequelas, mas não um quadro crônico. Além disso, como dito, é uma doença muito rara nos consultórios de otorrinolaringologia.
Como diferenciar a Labirintite de outras doenças?
Esclarecidas as diferenças entre tontura e Labirintite, podemos adiantar algumas questões. A primeira delas é que se você não apresenta nenhum sintoma auditivo, é muito improvável que esteja com Labirintite. Além disso, a Labirintite não causa tontura em crises, ou seja, se você tem um quadro de tontura recorrente com intervalos de melhora, isso certamente não é Labirintite.
Na realidade, a Labirintite costuma trazem vários outros sintomas associados, além das alterações auditivas, como:
- vertigem: tontura caracterizada pela sensação de ver tudo girar;
- nistagmo: movimento involuntário dos olhos, que pode indicar alguma assimetria no funcionamento dos labirintos;
- febre e suor: sintoma típico de infecções em geral;
- vômito: decorrente da vertigem, que pode provocar alterações gastrointestinais.
A vertigem é um sintoma típico em disfunções e doenças que afetam o labirinto, sendo uma pista importante para o diagnóstico. É importante que você também entenda que exames complementares isolados não nos dão o diagnóstico de Labirintite, sempre precisaremos avaliar a história do paciente associado ao exame físico realizado em consultório.

Quais são as principais causas da Labirintite?
Na maioria dos casos, a Labirintite é resultado da progressão de uma infecção comum, como uma gripe, um resfriado ou uma bacteriose. Em pacientes adultos, a Labirintite tende a ocorrer, principalmente, após uma infecção viral de vias aéreas superiores, como uma gripe ou um resfriado. Vimos, também, alguns quadros de Labirintite após pacientes terem sido acometidos pela COVID-19.
É preciso pontuar, porém, que, na maioria dos casos, o organismo é capaz de lidar com essas infecções naturalmente ou com a ajuda de antibióticos. A evolução dessas doenças para um quadro de Labirintite é algo atípico.
Em crianças, merecem atenção quadros de Otite Média Aguda, um dos diagnósticos mais comuns nessa fase, em que ocorre um acúmulo de secreção dentro do ouvido médio, seguido por uma infecção. Esse é um ponto de partida esperado para a doença.
Também podemos diagnosticar a Labirintite após o paciente apresentar, geralmente na infância, o quadro de Meningite. Nesse caso, o paciente tende a cursar com uma perda auditiva profunda.
O que fazer em caso de tontura e outros sintomas relacionados à Labirintite?
Agora que você conhece melhor a doença, fica fácil entender a desconfiança de nós, médicos, quando um paciente chega no consultório se queixando de “Labirintite”, não é?
A tontura é um sintoma relacionado a diversos tipos de patologias e disfunções, embora nenhuma delas seja tão popular quanto o termo Labirintite. Tanto o exame físico quanto a história do paciente precisam ser investigados, e somente o médico pode confirmar o diagnóstico.
Quando o paciente entra no consultório e me diz que tem Labirintite, eu não sei, ao certo, a que ele está se referindo. Portanto, procure ser detalhista ao descrever seus sintomas!
É muito importante relatar, em consulta, a sensação que vivencia durante os episódios de tontura, além de esclarecer como eles começaram e se duram minutos, horas ou dias. Outro ponto fundamental é observar se a tontura costuma vir associada a outros sintomas, como náusea, perda de audição, dores de cabeça, entre outros.
Como estamos falando de uma patologia relacionada a alterações no ouvido, o médico a ser consultado é o otorrinolaringologista. Preferencialmente o otoneurologista, que é o médico especialista em tontura e zumbido.
É perfeitamente natural pesquisar na internet as causas da Labirintite e de qualquer outra doença ou sintoma que esteja afetando a sua vida ou a de um ente querido. Entretanto, essas informações são de caráter informativo e, por isso, não são suficientes para confirmar qualquer condição ou doença, muito menos sugerir o uso de medicações sem a devida prescrição médica.
É fundamental procurar um médico para providenciar um diagnóstico confiável e, partir disso, definir a melhor estratégia de tratamento disponível para o seu caso, especificamente.
Este artigo chegou ao fim, mas há vários outros conteúdos no blog sobre o assunto. Para você que chegou até aqui, recomendo o texto: Conheça os principais diagnósticos por trás da famosa “Labirintite”