Mulher irritada com barulho - Misofonia, o que é?

Embora a misofonia seja uma doença de maior caráter psicoemocional, o misofônico pode experimentar também sintomas físicos, como sudorese, taquicardia e tremores, além das reações emocionais características da condição. Uma abordagem multidisciplinar é essencial para a efetividade do tratamento.

A origem do termo “misofonia” é grega. Ela surge da fusão de “miso”, que significa aversão, e “fonia”, que refere-se ao som, e explica bem a natureza da condição: uma aversão emocional a sons específicos.

Muitas pessoas podem associar a misofonia a doenças e alterações que causam perda auditiva, mas isso não é verdade. 

Sem uma causa bem definida, considera-se a misofonia uma doença de ordem psicológica e psiquiátrica, e não um distúrbio do aparelho auditivo. Por isso, o tratamento geralmente envolve o acompanhamento de diferentes profissionais da saúde, como otorrinolaringologista, fonoaudiólogos, psicólogos e psiquiatras.

Neste artigo, além de explicar a condição, também te mostro as melhores formas de lidar com a misofonia e diminuir o impacto dos seus sintomas no dia a dia. Confira!

Conteúdo:

O que é misofonia?

A misofonia, também conhecida como Sensibilidade Seletiva a Sons, é uma condição caracterizada por uma aversão intensa a sons específicos, geralmente de baixa intensidade e repetitivos. 

Quando expostas a esses ruídos, as pessoas que sofrem de misofonia podem experimentar respostas emocionais intensas, muitas vezes tão intensas que a pessoa sente uma perda de controle sobre suas emoções, o que pode ser extremamente desconfortável e causar constrangimentos.

Apesar de muitos indivíduos reconhecerem que suas reações são desproporcionais, a dificuldade em controlar as emoções quando expostos a esses sons é uma realidade desafiadora.

Quais são os sintomas gerais e específicos da misofonia?

Considerando que a misofonia é uma condição que se manifesta por meio de sintomas emocionais e comportamentais, estes podem variar muito de uma pessoa para outra e nem todos os pacientes experimentam todos os sintomas descritos. 

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Ainda assim, podemos dizer que a maioria das pessoas com misofonia apresentam todos ou alguns dos sintomas a seguir.

Reação emocional intensa

Pacientes com misofonia frequentemente experimentam reações emocionais extremamente fortes quando expostos a sons específicos que atuam como gatilhos. Esses sons, como o som de uma pessoa mastigando ou teclando, desencadeiam sentimentos como raiva, irritação, ansiedade ou até nojo, de maneira quase instantânea. 

A intensidade emocional é tão elevada que, em muitos casos, o indivíduo se sente tomado por uma sensação de perda de controle. A raiva é uma reação comum, mas pode variar entre diferentes pessoas, com algumas experimentando medo ou ansiedade predominantes. 

Impacto funcional

Se a misofonia pode interferir significativamente no cotidiano das pessoas, muito provavelmente impacta negativamente seu desempenho no trabalho, nas relações interpessoais e na capacidade de realizar atividades diárias. 

Muitos pacientes relatam que sua produtividade no trabalho é prejudicada pela dificuldade em se concentrar devido à presença de sons irritantes. Da mesma forma, as refeições em família no ambiente doméstico, por exemplo, podem se tornar um momento de estresse em vez de interação, levando a conflitos e desentendimentos. 

Evitação de situações

Diante da aversão a certos sons, muitas pessoas com misofonia acabam adotando um comportamento de evitação, se ausentando de locais ou situações em que os sons-gatilho podem estar presentes. 

O comportamento de evitação, embora pareça aliviar momentaneamente o desconforto, pode aumentar a sensação de exclusão, solidão e até afetar o bem-estar psicológico.

Reconhecimento da desproporcionalidade

Embora as reações emocionais e físicas provocadas pelos sons sejam intensas, as pessoas com misofonia geralmente reconhecem que suas reações são desproporcionais ao estímulo sonoro. 

Esse é inclusive um dos motivos pelos quais o primeiro a “diagnosticar” a misofonia é o próprio misofônico, que pode procurar atendimento médico ou psicológico justamente por ter consciência de sua hiperreatividade ‒ o que pode ser essencial também para descartar outras condições possivelmente associadas.

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Respostas fisiológicas

Embora as reações emocionais sejam mais evidentes, os pacientes com misofonia também podem experimentar respostas físicas intensas quando expostos aos sons-gatilho. 

Em situações extremas, o corpo pode entrar em um estado de “luta ou fuga”, gerando reações físicas, como aumento da frequência cardíaca, sudorese, tremores, tensão muscular e até mesmo falta de ar em casos mais graves

Esse tipo de reação intensa não é muito comum, mas ilustra o estresse agudo que o corpo pode enfrentar ao tentar lidar com um som perturbador.

Qual a diferença entre misofonia e hiperacusia?

Misofonia e hiperacusia são duas condições distintas que envolvem hipersensibilidade ao som, mas apresentam diferenças significativas em suas manifestações e características.

Enquanto a misofonia é uma condição marcada pela aversão a sons específicos, geralmente de baixa intensidade e repetitivos, a hiperacusia refere-se a uma sensibilidade anormal ao volume de sons variados, em que o paciente os toma como muito altos ou desconfortáveis, mesmo quando considerados normais pela maioria das pessoas.

As causas subjacentes também diferem entre as duas condições. 

Na misofonia, as origens exatas ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que envolvam fatores neurológicos, psicológicos e experiências passadas negativas. Já a hiperacusia é geralmente resultante da exposição a ruídos altos, lesões no ouvido e condições médicas ou neurológicas.

Como lidar com a misofonia?

Lidar com a misofonia pode ser desafiador, mas existem estratégias eficazes para gerenciar os sintomas. Embora não exista uma cura definitiva para a misofonia, é normalmente uma combinação de estratégias que costuma ajudar a reduzir a intensidade dos sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Em todo caso, é importante consultar um otorrinolaringologista para um diagnóstico preciso e para descartar outras condições associadas.

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Abordagens terapêuticas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), ajudam os indivíduos a identificar e modificar pensamentos e comportamentos relacionados à misofonia, desenvolvendo estratégias para enfrentar os gatilhos de desconforto.

Outra abordagem importante é a terapia sonora, que utiliza sons relaxantes para ajudar a dessensibilizar o indivíduo em relação aos ruídos que causam reações intensas. 

Ajustes no estilo de vida, como práticas de relaxamento e cuidados com a saúde mental, também são benéficos. A educação e conscientização sobre a misofonia, tanto para o indivíduo quanto para familiares e amigos, podem criar um ambiente de apoio, facilitando a compreensão e empatia, que só melhoram o prognóstico da condição.

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Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
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