Mulher com dor no ouvido - otite fúngica

Embora a otite fúngica seja uma forma menos comum de otite externa, os sintomas são parecidos com os da “dor de ouvido” bacteriana, que é mais conhecida. O diagnóstico precisa ser feito o quanto antes, para que o tratamento seja eficaz e também para prevenir quadros mais graves.

A otite externa é uma infecção na região da orelha externa, que pode ser causada por bactérias ou fungos. Um dos principais sintomas da otite fúngica é a coceira no ouvido

Neste artigo, mostro com mais detalhes quais são as características e peculiaridades da otite fúngica, para te ajudar a identificar melhor essa doença e saber quando é importante procurar atendimento médico e tratamento. Vamos lá?

Conteúdo:

O que é otite fúngica?

A otite fúngica, também conhecida como otomicose, é uma infecção provocada por fungos que afeta o canal auditivo externo. As principais espécies fúngicas causadoras desse tipo de otite são Aspergillus e Candida

É comum que a otite fúngica se manifeste como uma infecção secundária, que ocorre quando o ouvido externo fica vulnerável após uma infecção bacteriana, embora também possa ser uma infecção primária na região do ouvido externo.

O canal auditivo externo é uma passagem tubular que se estende da parte externa do ouvido, chamada de pavilhão auricular, até o tímpano. Sua principal função é conduzir as ondas sonoras do ambiente externo até a membrana timpânica, onde essas ondas são convertidas em vibrações que serão transmitidas para o ouvido médio e interno, permitindo a audição.

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Anatomicamente, o canal auditivo externo é composto por duas partes principais: a parte mais externa, formada por cartilagem e coberta por pele, glândulas ceruminosas e sebáceas (que produzem cera) e a parte mais interna, formada pelo osso temporal, também revestida por pele, mas mais fina e sem glândulas.

O canal auditivo externo também serve como proteção para o ouvido médio e interno, ajudando a evitar a entrada de corpos estranhos – como fungos e bactérias que causam otite – e mantendo a integridade da membrana timpânica e dos ouvidos médio e interno.

Otite fúngica é mais comum em crianças?

Não, a otite fúngica pode afetar pessoas de todas as idades, mas sua incidência varia conforme certos hábitos.

Em crianças, adolescentes e adultos, a otite fúngica é menos comum comparada a infecções bacterianas, embora possa ocorrer mais frequentemente se houver exposição constante à água, como contato com ambientes úmidos, incluindo viver ou visitar regiões litorâneas e tropicais, além da prática esportiva em piscinas e o uso de equipamentos de natação inadequados.

Entre os idosos, no entanto, a otite fúngica pode ser mais comum. Isso acontece porque os pacientes nessa idade têm mais chance de desenvolver doenças que afetam a pele (inclusive dos ouvidos) e o sistema imunológico, tornando o canal auditivo externo mais vulnerável a infecções.

Como saber se minha otite é fúngica?

Os sintomas da otite fúngica costumam ser muito parecidos com aqueles apresentados por outros tipos de otite, e podem incluir:

  • dor de ouvido;
  • coceira no ouvido;
  • plenitude auricular (ouvido tapado);
  • secreção ou prurido.

Caso você apresente esses sintomas, é importante buscar atendimento com otorrino ou otoneurologista rapidamente. 

Na consulta, além da abordagem dos sintomas, pode ser necessário realizar um diagnóstico diferencial para distinguir a otite fúngica de outras condições semelhantes, como a otite bacteriana e outros tipos de otite não externa. 

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Por isso, o exame clínico inclui a avaliação do canal auditivo por otoscopia – procedimento diagnóstico que permite a visualização do canal auditivo em detalhes -, em busca de vermelhidão, inchaço e a presença de fungos no conduto auditivo.

Na otite externa bacteriana, por exemplo, geralmente não encontramos fungos, e na otite média aguda observamos o abaulamento da membrana timpânica, visível pela otoscopia, além de queixa de dor intensa. 

Como posso prevenir a otite fúngica?

Manter os ouvidos secos é essencial para prevenir a otite fúngica, já que a umidade no canal auditivo facilita a proliferação de fungos. Por isso, após contato com água, como ao nadar ou tomar banho, é importante secar bem os ouvidos por fora com uma tolha no dedo, e, se necessário, usar tampões adequadamente para evitar o contato. Também orientamos evitar usar fones de ouvido de forma excessiva para garantir a boa ventilação do conduto auditivo.

O uso de cotonetes também deve ser evitado, já que, em vez de limpar, ele pode remover a cera protetora e irritar o canal auditivo, aumentando o risco de infecção. Na realidade, não é aconselhável inserir quaisquer objetos no ouvido, diante do risco de causar lesões e facilitar a entrada de fungos e bactérias.

Evite também o uso prolongado de gotas otológicas, especialmente sem orientação médica, pois essas substâncias podem alterar o ambiente do ouvido, favorecendo o crescimento de microrganismos. 

Otite fúngica tem tratamento?

Em geral, com o tratamento adequado, a infecção pode durar de 1 a 2 semanas, embora a duração da otite fúngica varie dependendo de vários fatores, incluindo a gravidade da infecção, a eficácia do tratamento e a resposta do paciente.

O tratamento normalmente envolve a limpeza do canal auditivo e a aplicação de medicamentos antifúngicos tópicos. Após o término do tratamento, uma reavaliação é recomendada para assegurar que a infecção foi totalmente erradicada.

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Independentemente do agente causador, é importante alertar que a otite não tratada pode levar a uma infecção crônica, causando dor persistente, coceira e secreção contínua do ouvido, o que aumenta o desconforto e abre espaço para consequências mais graves.

Uma dessas consequências é a chance de perda auditiva, que pode ser temporária ou, em alguns casos, permanente. A infecção também pode se espalhar para o ouvido médio e outras áreas próximas, causando complicações mais sérias. Por isso, é essencial tratar a otite, seja ela fúngica ou bacteriana, desde os primeiros sinais. 

Se você chegou até aqui, mas ainda quer entender melhor o que é e o que fazer em caso de otite, não pode perder meu artigo completo sobre Otite externa!


Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
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