Aspectos e sinais da perda de audição | Dra Nathália Prudencio

Dificuldade para compreender conversas, falar alto, aumentar o volume dos aparelhos, alterações na percepção de sons agudos e graves, intolerância aumentada a sons, zumbido no ouvido e isolamento social são os principais sintomas de perda auditiva. Saiba mais sobre cada um deles neste artigo! 

Você sabia que a perda auditiva é um dos distúrbios sensoriais mais comuns? Embora seja um evento típico em idosos, ela pode ocorrer em qualquer fase da vida e, por isso, é importante se manter atento para adotar os cuidados e tratamentos necessários com antecedência e evitar que o problema afete a sua qualidade de vida.

A perda de audição pode ocorrer de forma súbita, geralmente após a exposição a um ruído muito alto ― como uma explosão, o disparo de uma arma de fogo ou até a música alta em um evento, por exemplo ―, mas, na maioria dos casos, o quadro evolui de maneira gradual. Isto é, o paciente perde progressivamente a capacidade de ouvir e interpretar sons.

Todos nós estamos sujeitos a isso em virtude do envelhecimento. Entretanto, em alguns grupos, especialmente aqueles em que há pessoas frequentemente expostas a fatores de risco (como ruídos altos ou substâncias ototóxicas), o processo tende a ocorrer mais rapidamente.

Há também casos reversíveis, como quando a perda auditiva se deve a uma infecção ou cerume impactado, por exemplo.

Em todos os casos, porém, é muito importante preservar a audição e se manter atento a sinais de perda auditiva, não apenas em você, mas também nas pessoas que convive ― especialmente em casos leves, as pessoas podem demorar um pouco para se darem conta dessa alteração.

Neste artigo, reuni os principais sinais que merecem a sua atenção e que já são motivos para procurar um otorrinolaringologista. Confira!

1. Dificuldade para compreender conversas

Um dos principais sinais de perda auditiva é a dificuldade de compreender falas em conversas. A linguagem humana é muito complexa e pequenas alterações na audição já são suficientes para gerar algum incômodo nessas interações.

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É muito comum, por exemplo, que a pessoa com perda auditiva peça frequentemente para os outros repetirem frases e palavras ou se aproxime mais para ouvir melhor. Em locais movimentados ou com outros ruídos presentes, o esforço tende a ser ainda maior. 

Diante dessa situação, o paciente costuma adotar mudanças em seu comportamento para compensar a perda de audição, como evitar locais ruidosos ou prestar mais atenção nos lábios do interlocutor. 

2. Falar alto

Pessoas com perda auditiva também tendem a falar mais alto, por terem uma percepção limitada do volume da própria voz.

Para superar a dificuldade de ouvir a si mesmas e os outros, elas podem aumentar o volume de sua fala a fim de compreender melhor o que dizem e garantir que os outros também as entendam. 

Nem sempre o paciente faz isso de maneira voluntária. O comportamento pode se desenvolver como um hábito atrelado ao processo de perda auditiva.

3. Aumentar o volume de aparelhos

Outro sinal de perda auditiva muito comum é a necessidade de aumentar o volume da TV, do rádio e de outros dispositivos, muitas vezes, sem se dar conta de que pode estar incomodando pessoas com quem convive ou vizinhos, por exemplo.

Assim como nas conversas, pessoas com perda auditiva podem ter dificuldade para compreender sons e falas em programas de TV ou em músicas. Logo, aumentar o volume é uma forma de tornar o som mais claro, permitindo que ele compreenda melhor o que ouve.

Vale se atentar também ao volume de fones de ouvido e headphones, especialmente entre adolescentes e adultos jovens. A necessidade de ouvir áudios e músicas em volume mais alto que o habitual nesses dispositivos é também um sinal de perda auditiva que, muitas vezes, passa despercebido.

Muitos aparelhos trazem limitadores e alertas de volume alto. De maneira geral, quando o som desses dispositivos pode ser percebido pelas pessoas ao redor, já consideramos o som prejudicial.

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4. Alterações na percepção de sons agudos ou graves

A perda auditiva também pode se apresentar como uma dificuldade em compreender sons em determinadas frequências, seja nas mais baixas (sons graves, como o barulho de um tambor ou trovão), seja nas mais altas (sons agudos, como vozes femininas ou um assobio).

Nem sempre a pessoa deixa de ouvir esses sons, de fato. O paciente pode percebê-los de maneira alterada, muitas vezes relatando algum incômodo ao ouvir uma música, um ruído ou a voz de determinadas pessoas, por exemplo. Isso nos leva ao próximo sinal de perda de audição, a hiperacusia.

5. Hiperacusia

A hiperacusia é a intolerância aumentada a sons de intensidade moderada. Ou seja, é quando você ou alguém que conhece se incomoda com um som que para a maioria das pessoas é considerado tolerável.

A hiperacusia surge após alguma lesão ou agressão no sistema auditivo, que provoca uma alteração na percepção dos sons. O paciente pensa que é mais sensível porque ouve mais, mas, na verdade, apresenta algum grau de perda auditiva.

É diferente da misofonia, que é a intolerância aumentada a sons específicos, como cliques ou mastigação, e que geralmente está ligada a fatores de ordem psicológica ou alterações no sistema nervoso central.

6. Zumbido no ouvido e outras alterações auditivas

Entre vários outros fatores, a perda auditiva está presente na maioria dos diagnósticos de quadros que trazem o zumbido no ouvido como sintoma. O zumbido é a percepção de um som sem uma fonte sonora externa, e que pode se apresentar de diversas formas: som de insetos, de aparelhos elétricos, água corrente, apitos, entre vários outros relatos.

Embora, para a maioria das pessoas, o zumbido não se apresente como um incômodo importante, muitas podem percebê-lo como um aborrecimento ou até uma perturbação grave. Nesses casos, observamos também estresse aumentado e até transtornos de humor, como ansiedade e depressão, associados ao quadro.

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7. Isolamento social

Por fim, é importante observar mudanças no comportamento do indivíduo, afinal, elas também podem ser um sinal de perda auditiva.

Observe que essa condição pode gerar um grande impacto na vida de uma pessoa, especialmente no período em que o paciente começa a lidar com algumas limitações, mesmo que brandas.

A dificuldade de compreender conversas pode tornar a socialização mais desafiadora, bem como a hiperacusia pode fazer com que experiências outrora agradáveis se tornem incômodas, como frequentar um bar com música ao vivo, por exemplo.

Como forma de evitar esse esforço extra ou possíveis constrangimentos, muitas pessoas com perda auditiva tendem a se isolar e se tornar muito seletivas em relação às atividades que participam.

Tão importante quanto se atentar aos sinais, é saber que existem tratamentos para todos os tipos e graus de perda auditiva, incluindo recursos para lidar com o distúrbio e estratégias para garantir a qualidade de vida de todos os pacientes, inclusive aqueles com quadros permanentes. Ao notar algum desses sinais, não deixe de procurar um otorrinolaringologista!

E, por falar nisso, aproveite que está por aqui e saiba tudo sobre essa especialidade médica tão importante: Otorrinolaringologista: conheça o médico que cuida das disfunções e doenças do ouvido, nariz, garganta, laringe e pescoço

 


Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
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