Entenda qual é a diferença entre neurologista e otoneurologista e saiba qual especialidade médica buscar
Compreender as diferenças entre o neurologista e o otoneurologista é essencial para buscar o cuidado médico mais indicado: ao identificar os sintomas das doenças tratadas por cada médico, você pode ser capaz de buscar o especialista adequado mais rapidamente.
Em linhas gerais, a neurologia é a especialidade médica que estuda, diagnostica e trata doenças do sistema nervoso (central e periférico), enquanto a otoneurologia é a área que se dedica aos distúrbios dos sistemas vestibular (equilíbrio) e auditivo ‒ que conectam-se ao sistema nervoso.
O sistema nervoso humano é uma rede complexa que controla tudo o que acontece em nosso corpo, desde os pensamentos, até os movimentos, os sentidos e todas as funções fisiológicas. Por isso, embora ambos os especialistas lidem com o sistema nervoso, suas áreas de foco são distintas.
Neste artigo, quero tornar mais claras as diferenças entre neurologia e otoneurologia, e diferenciar as condições que cada médico trata para te ajudar a saber qual médico procurar, caso apresente sintomas específicos. Vamos lá?
Conteúdo:
- O que é e o que faz um neurologista?
- O que é e o que faz um otoneurologista?
- Quando consultar um neurologista?
- Quando consultar um otoneurologista?
O que é e o que faz um neurologista?
Como dito, o neurologista é o médico especializado no diagnóstico e tratamento de doenças e distúrbios do sistema nervoso. Sua formação inclui 6 anos de graduação em medicina, seguidos por uma residência médica em neurologia, que pode durar de três a cinco anos.
O sistema nervoso pode ser dividido, para fins didáticos, em dois: sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) e sistema nervoso periférico (nervos periféricos e a junção neuromuscular).
Esse verdadeiro centro de comando do corpo humano, que é o cérebro, processa todas as informações externas, as reações a elas e o funcionamento dos órgãos do corpo, além de ter funções exclusivas, como memória, aprendizado, raciocínio e emoções.
O cérebro se conecta, na área da nuca, com a medula espinhal ‒ que por sua vez funciona como uma via de comunicação bidirecional entre ele e os nervos periféricos.
Esses nervos periféricos atendem todo o corpo e estão ligados aos sentidos ‒ associados à audição, tato, dor, temperatura e propriocepção ‒, mas também às vísceras (órgãos abdominais) e à musculatura de todo o corpo ‒, permitindo a contração e o relaxamento muscular para movimentos voluntários e involuntários.
É assim que funciona ‒ embora bem resumidamente ‒ o controle nervoso do corpo.
O que é e o que faz um otoneurologista?
O otoneurologista é o médico otorrinolaringologista que é especializado no diagnóstico e tratamento de doenças do sistema vestibular.
O sistema vestibular é responsável pelo equilíbrio, pela orientação espacial e pela audição, e é composto pelas estruturas do ouvido médio e interno, como o tímpano, ossículos (martelo, bigorna e estribo), cóclea, vestíbulo, canais semicirculares, o nervo vestibulococlear, além de estruturas dentro do cérebro, como o tronco encefálico e o cerebelo.
Mais especificamente, o sistema vestibular detecta movimentos da cabeça e do corpo no espaço, enviando informações ao cérebro para manter o equilíbrio e a postura. O sistema auditivo capta ondas sonoras, convertendo-as em sinais elétricos, que também são transmitidos ao cérebro para serem interpretados como sons.
Você pode perceber que há uma interface entre as áreas, certo?
Embora a otoneurologia seja um especialização disponível tanto para médicos neurologistas quanto para médicos otorrinolaringologistas, é importante esclarecer que queixas relacionadas a audição serão sempre de competência do médico otorrino.
Além disso, o neurologista, mesmo que especializado, não se designa como otoneurologista, mas como neurologista especialista em tontura.
Quando consultar um neurologista?
Para saber se você precisa marcar uma consulta com um neurologista, é importante estar atento a alguns sintomas que são específicos de alterações no sistema nervoso central ou periférico. Alguns desses sintomas costumam incluir:
- dores de cabeça: principalmente se forem frequentes, intensas ou com características atípicas (como piora com esforço físico e estar acompanhada de náuseas e vômitos);
- convulsões: perda súbita e involuntária da consciência, acompanhada por contrações musculares;
- dores crônicas: dor persistente em diferentes regiões do corpo, especialmente costas, braços, pernas e articulações em geral;
- transtornos do movimento: incluindo tremor de mãos, rigidez muscular, lentidão de movimentos, dificuldade de coordenação ou movimentos involuntários;
- problemas de memória e cognição: dificuldade de lembrar informações recentes, desorientação espacial ou temporal, confusão mental, dificuldade de concentração ou linguagem;
- fraqueza muscular: dificuldade em levantar objetos, subir escadas ou realizar atividades cotidianas;
- alterações sensoriais: formigamento, dormência, perda de sensibilidade em partes do corpo;
- alterações visuais: visão dupla, perda de visão periférica, dificuldade de foco.
É importante ressaltar que esses sintomas podem estar relacionados a diversas condições médicas e o encaminhamento para o neurologista pode ser feito inclusive por outros médicos, como o clínico geral.
Esses sintomas costumam estar associados a condições que incluem epilepsia, esclerose múltipla, doença de Parkinson, esclerose lateral amiotrófica (ELA), acidentes vasculares cerebrais (AVCs), enxaquecas de diversos tipos e neuropatias.
Quando consultar um otoneurologista?
Considerando que o otoneurologista é um profissional especializado nas alterações do sistema vestibular e auditivo, as principais queixas que levam alguém a buscar esse profissional costumam incluir:
- vertigem: sensação rotatória do corpo ou do ambiente, como se estivesse girando;
- tontura: sensação de desequilíbrio ou instabilidade, como se estivesse caindo ou cambaleando, incluindo tontura ao levantar-se rapidamente;
- instabilidade postural: quedas frequentes sem causa aparente;
- zumbido: percepção de sons como assobios, chiados e outros ruídos na ausência de estímulos sonoros externos;
- perda auditiva: diminuição da capacidade de ouvir sons, podendo ser parcial ou total em um ou ambos os ouvidos;
- dor de cabeça associada à tontura: quando a tontura se manifesta como sintoma associado a dores de cabeça;
- náuseas e vômitos: somente se associados à tontura ou vertigem;
- cinetose (enjoo do movimento): náuseas, tontura e vômitos durante viagens de carro, navio ou avião;
- sensação de “ouvido tapado”: diminuição da percepção dos sons, como se estivesse com o ouvido tampado;
- dor de ouvido: que pode ser pulsátil, contínua ou latejante, e muitas vezes associada a outros sintomas.
Esses sintomas precisam ser investigados pelo otoneurologista pois podem estar associados a diversas doenças, principalmente Vertigem Posicional Paroxística Benigna (Tontura do Cristais), Vertigem Fóbica, Enxaqueca Vestibular, Surdez, Labirintite, Doença de Ménière, Neurite Vestibular, Cinetose, entre vários outros quadros.
É importante lembrar que a presença de um ou mais desses sintomas não significa necessariamente que você tenha um problema otoneurológico, já que problemas de saúde de outras esferas podem também provocar manifestações semelhantes. Apenas um otoneurologista poderá realizar um diagnóstico preciso e indicar o tratamento adequado.
Se você apresenta os sintomas indicados, não deixe de procurar um otoneurologista!