modelo do ouvido interno - labirintopatias

Labirintopatia é um termo genérico usado para descrever distúrbios que afetam o labirinto, uma estrutura localizada no ouvido interno, responsável pelo nosso equilíbrio e pela nossa audição. As labirintopatias podem ser causadas por várias condições diferentes, como infecções, lesões, distúrbios circulatórios, problemas neurológicos e medicamentos.

Antes de mais nada, você deve saber que labirintopatia e Labirintite não são a mesma coisa. Labirintopatia é um termo generalista usado para classificar doenças e alterações do labirinto. A Labirintite é apenas um tipo de labirintopatia, dentre várias existentes, e também não é o mesmo que tontura. A Labirintite é uma infecção com diversas características além da tontura, que, por sua vez é um sintoma presente em diversos quadros de saúde.

Os principais sintomas que indicam alterações no labirinto são as tonturas — sobretudo a vertigem (sensação de tudo girar) — e as alterações auditivas, como a perda de audição, plenitude auricular (sensação de ouvido tapado) e zumbido no ouvido. Entretanto, vários outros sintomas podem vir associados, de acordo com o quadro do paciente.

Neste artigo, esclareço as principais dúvidas sobre as labirintopatias e cito as que merecem mais atenção. Continue a leitura para conferir!

Conteúdo:

O que é labirintopatia?

Como dito, labirintopatia é um termo usado para classificar as alterações e doenças que afetam o labirinto. Diversas condições podem afetar essa estrutura do ouvido interno, como infecções, doenças autoimunes, problemas circulatórios, medicações e doenças neurológicas.

Quando um paciente se queixa de tontura, precisamos entender exatamente como esse sintoma se manifesta e se existem outros associados, como perda auditiva, sensação de ouvido entupido e zumbido. Como não existe um exame único capaz de determinar a causa da tontura, o relato do paciente é fundamental para o diagnóstico.

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Mas que órgão é esse chamado de labirinto e porque esses sintomas são gerados quando sua saúde é comprometida? Explico no tópico seguinte.

O que é e como funciona o labirinto?

O labirinto é uma estrutura complexa localizada no ouvido interno, responsável pelo equilíbrio e pela audição. Ele consiste em duas partes principais: o labirinto ósseo e o labirinto membranoso.

O labirinto ósseo é uma estrutura óssea que contém e protege o labirinto membranoso. Ele é composto por três partes principais: a cóclea, os canais semicirculares e o vestíbulo. 

O labirinto membranoso está localizado dentro do labirinto ósseo e é preenchido com fluidos. Ele é formado por membranas que separam suas diferentes estruturas e contém as células sensoriais responsáveis por detectar os estímulos relacionados ao equilíbrio e à audição.

O labirinto é uma estrutura extremamente importante. Qualquer disfunção ou lesão em sua estrutura pode gerar problemas na orientação espacial do indivíduo (como tonturas, principalmente a vertigem) e alterações auditivas (como perda de audição, sensação de ouvido tapado e zumbido).

Que sintomas merecem atenção?

Além de vertigem, perda auditiva, zumbido e sensação de ouvido tapado, as labirintopatias podem trazer outros sintomas, como:

  • nistagmo: movimento involuntário de um ou ambos os olhos;
  • sudorese excessiva: sintoma típico de infecções;
  • náusea e vômito: a vertigem pode gerar alterações gastrointestinais que resultam em vômitos intensos;
  • sensibilidade ao som: algumas labirintopatias podem tornar o paciente sensível a sons altos (fonofobia).

Os sintomas associados são pistas importantes para o diagnóstico, bem como a maneira como eles se manifestam. A tontura, por exemplo, pode se apresentar de várias formas de acordo com o quadro do paciente.

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Quais são as principais labirintopatias?

Como mencionado, existem várias doenças que podem provocar esses sintomas e, abaixo, você confere aquelas que merecem mais atenção.

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Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB)

A VPPB é uma das labirintopatias mais frequentes. É caracterizada por episódios breves e intensos de vertigem desencadeados por mudanças de posição da cabeça, como ao se levantar da cama ou ao pegar um objeto no chão.

O sintoma se dá devido a pequenos cristais de carbonato de cálcio, chamados otólitos, que se desprendem de seu local normal no ouvido interno. No local errado, eles estimulam os receptores sensoriais do labirinto de forma inadequada, enviando sinais incorretos ao cérebro sobre a posição e o movimento. Daí surge a tontura típica deste quadro.

Doença de Ménière

É uma condição crônica que afeta o equilíbrio e a audição. Os sintomas incluem episódios recorrentes de vertigem, perda auditiva progressiva, zumbido no ouvido e sensação de plenitude auricular (ouvido tapado).

A doença é caracterizada por um acúmulo excessivo de fluido endolinfático dentro do labirinto, resultando em distensão e pressão anormal dentro das estruturas do ouvido interno, o que desencadeia os seus sintomas.

Enxaqueca Vestibular 

A Enxaqueca, embora seja uma doença neurológica e que não afeta diretamente o labirinto, pode causar sintomas relacionados ao sistema vestibular ― que inclui o labirinto e suas conexões com o cérebro ―, como crises de vertigem e desequilíbrio, muitas vezes acompanhadas por sintomas típicos de enxaqueca, como sensibilidade à luz e ao som, náuseas e vômitos.

Pode ocorrer em pessoas de todos os sexos e idades, entretanto, é muito mais frequente em mulheres adultas, especialmente aquelas com histórico de enxaqueca.

Labirintite

A Labirintite, de fato, é um quadro raro, mas que merece esclarecimento dada a popularidade do termo. É geralmente causada por uma infecção viral ou bacteriana e sempre apresenta vertigem associada a alterações auditivas, entre outros tipos de sintomas.

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Em casos mais graves, a doença pode provocar danos permanentes à audição e quadros crônicos de tontura. O paciente pode apresentar sintomas moderados a intensos durante o quadro agudo e melhora dos sintomas dentro de alguns dias ou semanas.

Vale destacar que algumas labirintopatias também podem ser causadas por lesões no ouvido interno e, também, pelo uso de determinados medicamentos ototóxicos.

Como tratar a labirintopatia?

O tratamento da labirintopatia depende da causa subjacente e dos sintomas apresentados. Pode incluir medicações para aliviar os sintomas, terapia de reabilitação vestibular para melhorar o equilíbrio, bem como mudanças na dieta e no estilo de vida do paciente.

Você não deve, porém, iniciar nenhum tratamento antes de obter um diagnóstico confiável para o seu quadro. Para cada causa, existem recursos e estratégias de tratamento específicas. Portanto, desconfie sempre de soluções generalistas para tontura, zumbido e sintomas semelhantes.

Se você suspeita de uma labirintopatia, o mais correto a fazer é consultar um médico, que, nesse caso, é o otorrinolaringologista. Para uma investigação e acompanhamento mais aprofundado, porém, você pode desejar consultar um otoneurologista, que é o otorrinolaringologista dedicado à doenças que provocam tontura e zumbido.

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Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
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