criança com tontura incomodada - vppb em crianças

A vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) é uma das causas de vertigem em crianças e adolescentes. É caracterizada por episódios breves de tontura desencadeados por movimentos específicos da cabeça.

A VPPB é frequentemente associada a adultos, mas estudos recentes demonstraram que sua ocorrência em populações pediátricas é mais comum do que pensamos. 

Não há diferenciação no diagnóstico ou no tratamento em relação à abordagem adotada em pacientes adultos, mas observamos alguns dados interessantes nesses grupos que podem interessar médicos e também pais de crianças e adolescentes que sofrem com tontura.

Neste artigo, trago uma visão geral sobre a VPPB e fatores que merecem atenção no diagnóstico e no tratamento de jovens. Continue a leitura para conferir!

Conteúdo:

O que é VPPB?

A VPPB, Vertigem Posicional Paroxística Benigna, é um distúrbio do ouvido interno que provoca episódios breves de tontura devido ao deslocamento de partículas de carbonato de cálcio (otólitos) nos canais semicirculares, os chamados “cristais” do labirinto. 

Como essas partículas estão relacionadas à percepção do movimento, seu deslocamento pode gerar distorções ao movimentar a cabeça em determinadas posições. Ou seja, informações incorretas sobre sua posição são enviadas ao cérebro, provocando a famosa sensação de vertigem rotatória (sentir o ambiente ou o próprio corpo girar). 

Sintomas da VPPB em crianças e adolescentes

Os sintomas da VPPB em crianças e adolescentes são os mesmos observados em pacientes adultos, e incluem:

  • episódios breves de vertigem desencadeados por movimentos específicos da cabeça;
  • náuseas e, ocasionalmente, vômitos associados aos episódios de vertigem;
  • desequilíbrio ou instabilidade durante ou após os episódios;
  • medo ou ansiedade relacionados à recorrência dos sintomas.
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É importante observar que, em crianças, a descrição dos sintomas pode ser vaga, exigindo observação cuidadosa por parte dos pais e profissionais de saúde.

Diagnóstico da VPPB em populações pediátricas

O diagnóstico da VPPB é clínico e requer anamnese detalhada, que envolve estudo do histórico de saúde do paciente e avaliação dos sintomas e suas características, como duração, frequência e fatores desencadeantes.

O exame físico é também necessário e, nesse caso, consiste na observação de nistagmo (movimento involuntário dos olhos) durante manobras posicionais, como a de Dix-Hallpike.

A depender das informações observadas, podem ser realizados outros testes e exames para excluir outras possíveis causas de vertigem - geralmente quando o tratamento não é efetivo.

Tratamento da VPPB em crianças e adolescentes

O tratamento da VPPB em todos os casos consiste na realização, em consultório, da manobra de reposição das partículas. As principais manobras utilizadas são:

  • manobra de Epley: manobra mais utilizada, consiste em uma série de movimentos sequenciais da cabeça para reposicionar os otólitos no ouvido interno;
  • manobra de Semont: outra técnica utilizada para reposicionar as partículas, especialmente quando a manobra de Epley não é eficaz.

As manobras de reposicionamento são seguras e eficazes. Na população em geral, a melhora é imediata após uma única sessão. Apenas uma pequena parcela dos pacientes precisa retornar ao consultório para repetir o procedimento.

Particularidades da VPPB em crianças e adolescentes

Existem poucos estudos e levantamentos sobre a VPPB em crianças e adolescentes, mas alguns trabalhos nos permitem fazer algumas inferências sobre o assunto.

Em uma pesquisa de 2018 realizada por pesquisadores da Harvard Medical School, foram acompanhados 110 pacientes pediátricos com VPPB com idades entre 5 e 19 anos, cuja maioria apresentou nistagmo posicional característico durante o exame físico. 

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O tratamento foi efetivo na totalidade dos casos, mas observou-se recorrência em 18,2% dos participantes. Por análise estatística, foi observado também que pacientes com enxaqueca vestibular ou vertigem paroxística benigna da infância tiveram cinco vezes mais chances de recorrência de VPPB.

Um outro trabalho de 2023, também realizado por pesquisadores da Harvard Medical School, observou novamente história familiar de vertigem ou enxaqueca em parte dos pacientes pediátricos.

Prognóstico e considerações finais

O prognóstico da VPPB em crianças e adolescentes é geralmente favorável, com a maioria respondendo positivamente às manobras de reposicionamento. 

Por ser um quadro menos comum em relação a outras causas típicas de tontura na infância e na adolescência, é muito importante o conhecimento de pais e médicos sobre o assunto.

Quanto antes for obtido um diagnóstico preciso e realizado o tratamento, menores serão os incômodos e impactos desse quadro na qualidade de vida e no desenvolvimento das atividades diárias do jovem.

Quer saber mais? Confira nosso artigo completo sobre o assunto: Vertigem Posicional Paroxística Benigna ou VPPB: a famosa “tontura dos cristais”



Sobre Dra Nathália Prudencio

Dra Nathália Prudencio é médica otoneurologista, especialista em tontura e zumbido. Saiba mais
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