Como prevenir a surdez: cuidados básicos para preservar a sua audição
A melhor forma de prevenir a surdez é adotar cuidados para preservar a sua audição, como evitar se expor a ruídos muito altos por tempo prolongado, não introduzir objetos nos ouvidos e manter hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e atividade física regular.
Embora o envelhecimento seja o principal fator associado à perda auditiva, esse distúrbio está frequentemente ligado a causas evitáveis, como exposição a ruídos altos (no trabalho ou na vida social) ou lesões causadas por doenças crônicas que se desenvolveram ao longo da vida por um estilo de vida não saudável.
Um fenômeno recente que chama a atenção, porém, é o crescimento do número de jovens com perda auditiva e sintomas associados, como o zumbido no ouvido. Entre os fatores envolvidos, é o uso indiscriminado de fones de ouvido e dispositivos semelhantes a principal causa desse problema.
Além disso, sabemos que a vida moderna tem exigido mais da nossa audição. O trânsito das cidades, as obras constantes, os grandes eventos e o dia a dia acelerado que, muitas vezes, torna desafiador manter uma vida ativa e uma alimentação saudável.
Sobretudo nesse contexto, podemos dizer que nunca foi tão importante adotar cuidados para preservar a audição, e, neste artigo, faço um alerta sobre isso. Continue a leitura para conferir!
Conteúdo:
- Como prevenir a surdez e por que isso é importante?
- Que problemas auditivos são evitáveis?
- 5 dicas para preservar a sua audição
Como prevenir a surdez e por que isso é importante?
Embora os termos surdez e perda auditiva sejam popularmente usados de maneira intercambiável, nós, médicos otorrinolaringologista, preferimos diferenciá-los.
Tratamos como perda auditiva a diminuição da capacidade de ouvir e compreender sons, contemplando todos os tipos e níveis dessa condição. Consideramos surdez, somente quando o paciente apresenta uma perda auditiva profunda ou completa tornando-se incapaz de se comunicar por essa via sensorial.
Ao longo da vida, apresentamos uma diminuição gradual da capacidade auditiva, especialmente nas frequências mais altas, o que é chamado de presbiacusia. Isto se deve não apenas a questões intrínsecas ao envelhecimento, como também à exposição a ruídos altos ao longo da vida, sequelas de doenças, lesões e tratamentos de saúde, hábitos de vida e também características genéticas.
Ainda que muitos fatores estejam fora do nosso controle, para a maioria deles existem medidas que permitem preservar a nossa audição. E quando falamos em perda auditiva, não podemos nos limitar somente à diminuição da capacidade de ouvir. Outros sintomas importantes estão relacionados a esse processo e também merecem atenção.
Que problemas auditivos são evitáveis?
Muitos não sabem, mas a perda auditiva pode se manifestar de diferentes formas, não apenas como a dificuldade de compreender sons e falas.
O sintoma associado mais frequente é o zumbido no ouvido, que é a percepção de som sem uma fonte sonora externa, como uma espécie de ruído fantasma. O zumbido pode se apresentar de diversas formas, sendo comumente relatado como um som semelhante ao ruído de insetos, aparelhos elétricos e água corrente, por exemplo.
Embora seja um sintoma tipicamente habituável e não represente grande incômodo para a maioria das pessoas que o tem, em muitos pacientes ele pode se instalar e afetar gravemente a sua qualidade de vida.
Outros sintoma que pode vir associado à perda auditiva, é a hiperacusia, que é a intolerância aumentada a sons de intensidade moderada (que, para a maioria das pessoas, não gera incômodo).
Como você vê, preservar a audição é importante não apenas para evitar a surdez, mas diversos problemas de saúde relacionados, além de garantir que essa via sensorial se mantenha saudável e funcional ao longo de toda a sua vida.
- Saiba mais: confira nosso vídeo sobre hiperacusia!
5 dicas para preservar a sua audição
Agora que você sabe o quão importante é cuidar da sua audição, é hora de conferir algumas dicas para adotar no seu dia a dia. Confira!
1. Evite se expor a ruídos altos por tempo prolongado
A exposição a ruídos altos é a segunda principal causa de perda auditiva na população. Em muitos casos, inclusive, essa perda pode ocorrer de forma súbita, ou seja, basta uma única exposição a um som muito alto para que o paciente apresente um quadro irreversível.
A perda súbita, porém, é geralmente observada em pessoas que foram expostas a um estrondo muito intenso, como o disparo de uma arma de fogo ou uma explosão. Entretanto, há também casos em que o fator desencadeador é o som de uma festa ou de um show, por exemplo, embora sejam situações menos comuns.
Na maioria das pessoas, porém, a perda auditiva se desenvolve gradualmente, com a exposição frequente a ruídos de intensidade média a alta, entre outros fatores associados. Por isso, uma das principais medidas para preservar a audição é evitar se expor a sons muito altos por tempo prolongado e fazer intervalos para permitir que as estruturas internas do seu ouvido se recuperem.
2. Limite o volume e o uso de dispositivos de áudio
Embora ambientes ruidosos mereçam atenção, a principal ameaça à saúde auditiva de adolescentes e jovens adultos nos últimos anos parece ser o uso indiscriminado de dispositivos de áudio pessoais, como fones de ouvido e headsets.
Dados de estudos acompanhados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) estimam que mais de 1 bilhão de jovens correm o risco de desenvolver perda auditiva permanente na atualidade devido a essa e outras práticas inseguras. Alguns aparelhos até geram alertas de volume alto, mas eles podem ser facilmente negligenciados.
Em fones sem abafadores, já consideramos o volume prejudicial quando o som pode ser percebido pelas pessoas ao redor. Também são preferíveis os fones circumaurais (em formato de concha e que cobrem todo o ouvido), especialmente os equipados com cancelador de ruído, pois proporcionam um melhor isolamento externo e reduzem a tentação de aumentar o volume para sobrepor sons externos.
Para todos os modelos, porém, não é recomendável utilizar esses dispositivos por tempo prolongado, mesmo em volume baixo. O canal auditivo deve estar desobstruído e arejado a maior parte do tempo.
3. Use dispositivos de proteção adequados
Em muitas situações, a exposição a ruídos altos é inevitável, como na rotina de profissionais que operam máquinas, atuam em fábricas ou trabalham com música e eventos, por exemplo.
Nesse caso, é fundamental seguir as orientações de ergonomia previstas para a sua área de atuação, o que inclui a escolha do dispositivo adequado (que fornece o nível de proteção necessário) e sua correta utilização.
Profissionais constantemente expostos a sons muito altos também devem se manter atentos a eventuais sintomas de lesão ou perda auditiva, como zumbido no ouvido ou sensação de ouvido tapado. É também recomendável consultar um otorrinolaringologista periodicamente para avaliar a saúde auditiva.
4. Não introduza objetos no canal auditivo
Que fique bem claro: limpar os ouvidos não previne perda auditiva ou surdez!
O uso de cotonetes e outros produtos para “higienizar” o canal auditivo é uma prática comum, mas desnecessária e perigosa. O cerume não é sujeira, pelo contrário, é um componente essencial da nossa saúde auditiva que, entre outras funções, nos protege contra fungos e bactérias.
Ao introduzir objetos no ouvido para removê-lo, não apenas diminuímos essa proteção natural como empurramos a maior parte da cera para o fundo do canal auditivo, onde ela realmente pode gerar problemas.
Somente uma proporção muito pequena da população apresenta produção exagerada de cerume, necessitando de lavagem periódica, e esse procedimento só deve ser feito por um médico em consultório.

5. Adote um estilo de vida saudável
Por fim, sempre recomendamos a adoção de um estilo de vida saudável. Isto inclui, principalmente, a manutenção de uma dieta adequada somada à prática regular de atividade físicas.
Uma alimentação nutritiva e balanceada ajuda, por exemplo, a garantir a saúde e a longevidade de todas as estruturas do seu corpo, o que inclui as células do seu ouvido.
Os exercícios físicos, por sua vez, beneficiam a circulação sanguínea, ajudam a controlar a glicose no sangue, combatem a obesidade e contribuem para a performance do nosso sistema imunológico, bem como para o nosso bem-estar.
Um corpo saudável é mais resistente e resiliente diante de infecções que, em alguns casos, também podem agredir o nosso ouvido e afetar a audição.
Também vale destacar a importância de não se automedicar (alguns medicamentos podem trazer danos à saúde auditiva, especialmente quando usados de forma indiscriminada) e consultar um médico regularmente para identificar eventuais problemas precocemente e tomar medidas cabíveis de forma rápida para preservar a sua audição ao máximo.
Neste artigo, falamos sobre os sintomas associados à perda auditiva, com destaque para o zumbido. Você sabia que existe um médico especialista dedicado a esse sintoma? Continue no blog e saiba tudo sobre o otoneurologista!